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Tunísia emite ordem de prisão contra Ben Ali

Agência France-Presse
postado em 26/01/2011 16:29
Túnis - A justiça da Tunísia emitiu ordem internacional de prisão contra o ex-presidente Zine El Abidine Ben Ali e sua esposa Leila Trabelsi, ao mesmo tempo em que o país aguarda uma prometida mudança ministerial, para acalmar a cólera nas ruas contra o governo de transição.

O ex-presidente e a esposa são acusados de "aquisição ilegal de bens mobiliários e imobiliários e transferência ilícita de dinheiro ao exterior", segundo o ministério da justiça.

Já a mudança ministerial prevista na Tunísia será anunciada "bem tarde" nesta quarta-feira, ou "na manhã de quinta", para evitar maiores problemas, declarou na televisão nacional o ministro do Desenvolvimento regional, Ahmed Néjib Chebbi.

"Intensas discussões estão sendo realizadas para a composição final de um governo que seja convincente para a opinião pública", declarou o ministro.

"No momento em que falo com vocês, não havia sido escolhido o titular de nenhuma pasta", acrescentou, destacando que retornaria após a entrevista para as consultas realizadas com o primeiro-ministro da transição, Mohammed Ghannouchi.

O presidente Ben Ali fugiu em 14 de janeiro passado da Tunísia e se refugiu na Arábia Saudita.

A esposa, Leila Trabelsi, odiada pela população, abandonou a Tunísia em data e com um destino desconhecidos.

Benhassen Trabelsi, irmão de Leila Trabelsi, também fugitivo, está incluído na ordem de captura, assim como outros membros da família, já detidos.

Segundo o ministro da Justiça, Lazhar Karoui Chebbi, seis membros da guarda presidencial, entre eles o ex-chefe da segurança do presidente de Ben Ali, o general Ali Sériati, estão sendo processados - eles estão incluídos em uma outra investigação, sobre abusos cometidos contra a população.

O general Sériati foi indiciado por "complô contra a segurança interna do Estado". É considerado o comandante da campanha de terror feita por milícias fiéis ao ex-presidente, nos dias anteriores a sua queda.

Na expectativa de anúncio de mudança no governo de transição, muito criticado, por ter mantido caciques do antigo regime em postos importantes (Defesa, Interior, Justiça, Relações Exteriores), a tensão domina o ambiente.

Pela manhã, a polícia atirou granadas de gás lacrimogêneo contra manifestantes que queriam forçar passagem, atirando pedras.

Milhares de manifestantes foram às ruas em Sfax (270 km ao sul de Túnis), a segunda cidade do país, respondendo a um apelo à greve geral para pressionar a demissão do governo, segundo estimativa feita pela AFP, a partir de imagens divulgadas no jornal da televisão pública tunisiana.

Segundo fonte sindical, os manifestantes eram "pelo menos 50.000".

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