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Morte de Allende será investigada

postado em 28/01/2011 08:47
A Justiça do Chile vai investigar pela primeira vez as circunstâncias da morte do ex-presidente Salvador Allende, ocorrida durante o golpe militar liderado por Augusto Pinochet, em 11 de setembro de 1973. Allende morreu após ser atingido por um tiro disparado no momento em que o Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, era bombardeado pela Força Aérea, numa ação violenta. Pinochet permaneceu no poder pelos 17 anos seguintes. O juiz Mario Carroza, responsável pelo caso, disse que a tarefa que o espera ;é de extrema responsabilidade;. ;Obviamente, recorrerei a todo o elemento, testemunha, documento, ou antecedente que for necessário;, assinalou.

Na época, uma autópsia determinou que Allende se suicidou com um fuzil recebido de presente do presidente cubano, Fidel Castro, numa versão aceita historicamente, embora seus resultados forenses sejam questionados por setores políticos e de direitos humanos. ;Será preciso verificar se houve ou não suicídio e em quais circunstâncias;, explicou à agência France Presse uma fonte do Poder Judiciário, que pediu para não ter o nome divulgado.

Salvador Allende, de ideologia marxista assumida, chegou ao poder em 1970, depois de uma vitória nas urnas. Foi derrubado três anos depois sob o argumento de que sua mensagem Chile para o socialismo poderia transformar o país num Estado comunista, sob a proteção de Moscou.

Além da morte do ex-presidente, a Justiça chilena vai apurar 725 denúncias de violações aos direitos humanos durante o regime de Pinochet que nunca foram examinadas. O pedido de investigação foi apresentado pela promotora Beatriz Pedrals. A porta-voz do governo, Ena Von Baer, afirmou que o Estado respeita ;todas as decisões dos tribunais sobre as situações que devam ser investigadas;.

A notícia das investigações foi comemorada pelo Grupo de Familiares de Detidos Desaparecidos. ;Nenhum crime deve ficar sem ser investigado. Estamos falando de mais de 700 casos que nunca o foram e, se incluirmos Allende, ganha uma força maior;, observou Lorena Pizarro, presidente da entidade. Cerca de 3 mil pessoas morreram ou desapareceram durante ditadura de Augusto Pinochet. Até agora, 560 militares vêm sendo processados por esses crimes.

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