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EUA perdem credibilidade ao apoiar Mubarak

Agência France-Presse
postado em 30/01/2011 14:30
WASHINGTON - Os Estados Unidos perdem sua credibilidade ao defender a democratização do Egito ao mesmo tempo em que mantêm o apoio ao presidente Hosni Mubarak, no poder há três décadas, denunciou neste domingo o opositor egípcio Mohamed ElBaradei, entrevistado pela rede americana CBS.

"O governo americano não pode pedir ao povo egípcio que acredite que um ditador que está no poder há 30 anos será aquele que vai instalar a democracia no Egito", ironizou ElBaradei, entrevistado no Cairo pela produção do programa Face the Nation.

"Vocês estão perdendo a credibilidade dia após dia", alertou ElBaradei, falando do governo americano.

"Por um lado, falam em democracia, de Estado de direito, de direitos humanos, e por outro, aportam seu apoio a um ditador que continua oprimindo seu povo", destacou, insistindo que Mubarak deve deixar a presidência o quanto antes.

Para ElBaradei, os EUA precisam se posicionar claramente ao lado dos manifestantes.

O ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi encarregado pela oposição egípcia neste domingo de negociar com o regime de Mubarak em nome da Coalizão Nacional pela Mudança, que agrupa vários movimentos opositores do país, entre eles a Irmandade Muçulmana.

Neste domingo, a chefe da diplomacia americana Hillary Clinton defendeu uma "transição organizada" do poder no Egito, afirmando que Hosni Mubarak não fez o suficiente pela democracia em seu país.

"Desejamos ver uma transição organizada. Exigimos insistentemente do governo de Mubarak, que ainda está no poder (...), que faça o que for necessário para facilitar este tipo de transição organizada", disse Hillary, também em entrevista à CBS.

"É claro que não", respondeu a secretária de Estado, a uma pergunta da rede ABC sobre se as mudanças políticas anunciadas neste final de semana por Mubarak são suficientes. "Isto é apenas o começo".

"É apenas o começo do que deve acontecer, um processo que leve a medidas concretas para culminar com as reformas democráticas e econômicas que temos pedido, e das quais o próprio presidente Mubarak falou em seu discurso (de sexta-feira)", acrescentou.

Entretanto, o governo do presidente Barack Obama não pretende neste momento suspender a ajuda financeira que dá ao Egito, ou mesmo considerar esta hipótese, segundo Hillary.

"Não há qualquer discussão neste momento sobre o corte de qualquer ajuda", enfatizou a secretária de Estado, falando à ABC.

"Estudamos e revisamos nossa ajuda constantemente, mas por agora buscamos transmitir uma mensagem muito clara: o que desejamos é que não haja violência ou qualquer provocação que desencadeie a violência", afirmou.

Na sexta-feira, o porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs indicara que o governo pode eventualmente rever a ajuda financeira ao Egito, em função da resposta das autoridades aos manifestantes que pedem a saída de Mubarak.

O Egito é um dos maiores beneficiários da ajuda americana no mundo, recebendo em torno de 1,3 bilhão de dólares por ano em ajuda militar.

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