Juba - A comissão eleitoral encarregada do referendo de independência do Sudão do Sul anunciou neste domingo uma esmagadora vitória do "sim" (98,83%) a favor da secessão, segundo resultados preliminares desta consulta que desembocará na repartição do maior país da África.
Contrastando com o júbilo que esta notícia produziu no Sul do país, no Norte do Sudão centenas de estudantes participaram de uma rodada de protestos inspirados na revolta popular que atinge o vizinho Egito, apesar de uma impressionante mobilização das forças de segurança. Várias dezenas de pessoas foram detidas e o presidente sudanês, Omar al Bashir, destituiu um diretor de universidade.
Os confrontos deixaram cinco feridos, segundo a oposição. "O que vimos no Egito inspirou nossa juventude", declarou à AFP Mubarak al Fadl, membro da opositora UMMA. Os jovens "querem mostrar sua ira diante da gestão do Sudão, que levou à repartição do país, e porque o futuro do Norte é incerto", completou. Os primeiros resultados preliminares completos do referendo de independência ocorrido de 9 a 15 de janeiro foram anunciados em uma cerimônia festiva no mausoléu do chefe histórico da rebelião sulista, John Garang, em Juba, capital do Sudão do Sul.
Apesar de os primeiros resultados preliminares parciais não terem deixado dúvidas, e do fato de os resultados definitivos não terem divulgação prevista, por motivos de procedimento, o veredicto está claro: os sudaneses do sul querem a independência. Foi apurado o total das 3.851.994 cédulas contabilizadas no Sul, no Norte e no exterior, e 98,83% dos votos são a favor da separação, informou a comissão.
O presidente da região semiautônoma do Sudão do Sul, Salva Kiir, lembrou, no entanto, que o calendário do processo eleitoral prevê ainda vários meses de negociação antes da independência efetiva em 9 de julho.