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Ministro egípcio do Interior e empresários são demitidos

Agência France-Presse
postado em 31/01/2011 15:48
Cairo - O presidente Hosni Mubarak despediu-se de seu ministro do Interior, odiado por manifestantes que vêm sacudindo o regime há quase uma semana, mas muitas personalidades do antigo regime foram reconduzidas ao novo governo anunciado nesta segunda-feira.

O polêmico Habib el-Adli, no posto há 13 anos, cedeu seu ministério ao dirigente da polícia Mahmoud Wagdi, após uma semana de protestos que os policiais não souberam conter.

A demissão de El-Adli foi reivindicada com insistência pelo povo após inúmeras acusações de abusos e tortura cometidos por agentes de segurança durante seu mandato. Seu sucessor, ex-diretor de presídios, é também considerado um homem de "linha dura".

Os executivos próximos ao filho do rais (chefe supremo incontestável), o ambicioso Gamal Mubarak, estão também fora do governo que um dia dominaram. Mais um sinal da desgraça em que caiu este que muitos consideravam como o provável sucessor de seu pai.

Outra vítima dos protestos de rua: o ministro da Cultura Farouk Hosni, candidato à direção da Unesco em 2009 que perdeu o cargo após ter declarado que "queimaria" os livros israelenses que encontrasse no Egito.

No posto há 24 anos, ele foi substituído por um professor universitário e crítico literário, Gaber Asfour.

Mas muitos barões do antigo governo mantiveram suas pastas, como, por exemplo, o ministro das Relações Exteriores Ahmed Aboul Gheit e o ministro da Defesa, o general Mohamed Hussein Tantaoui.

Dois ministros muito influentes, o da Informação, Anas el-Fekki, e o dos Assuntos Parlamentares e Legais, Moufid Chehab, continuam também em seus postos.

Mubarak havia anunciado no sábado a nomeação de um novo primeiro-ministro, proveniente do exército, o general Ahmad Chafic, ex-ministro da Aviação Civil.

Esta designação coincidiu com a do chefe de serviços secretos, general Omar Souleimane, como vice-presidente - um posto vago desde a chegada de Mubarak ao poder em 1981.

A escolha destes dois militares indica um reforço do exército dentro do sistema, em um contexto onde os militares são convocados a reinstalar a ordem e fazer respeitar o toque de recolher.

O próprio presidente Mubarak veio do exército.

Essa mudança de governo ocorre às vésperas da convocação de mais protestos previstos para acontecerem no Cairo e em Alexandria, dando sequência às manifestações que não param desde terça-feira passada para pedir a saída de Mubarak, 82 anos.

Alguns manifestantes presentes na segunda-feira no centro do Cairo reagiram positivamente à demissão do ministro do Interior, mas continuavam a pedir a saída de Mubarak.

"O ministro do Interior é responsável por toda a violência, já que foi a polícia que disparou contra os manifestantes", disse um militante, Hussein Ali.

"Não aceitaremos nenhuma outra mudança que não seja a saída de Mubarak", declarou um manifestante que não quis revelar seu nome.

"Nós queremos uma mudança completa do governo, com uma autoridade civil", garantiu Rifat Ressat.

A revolva que começou na terça-feira passada é considerada sem precedentes, desde a chegada do rais ao poder há 30 anos. Conflitos através do Egito fizeram ao menos 125 mortos e milhares de feridos desde então.

Dezenas de milhares de pessoas voltaram a se reunir nesta segunda-feira na praça Tahrir (praça da Libertação), epicentro da revolta no Cairo.

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