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Governo autorizará a volta de Aristide

postado em 01/02/2011 09:18
Em meio a uma crise eleitoral, o governo do Haiti declarou ontem que o ex-presidente Jean Bertrand Aristide pode retornar ao país. O haitiano vive exilado na África do Sul desde o golpe de Estado que o tirou do governo, em 2004, e pediu oficialmente às autoridades haitianas um passaporte diplomático e garantias para o seu retorno. A volta de Aristide pode coincidir com o desfecho do impasse das eleições, que dura quase três meses. Os haitianos devem descobrir, amanhã, o resultado oficial do primeiro turno e saber quais nomes aparecerão na cédula de votação do segundo turno, marcado para 20 de março.

O advogado de Aristide, Ira Kurzban, havia enviado uma carta para a ministra de Assuntos Exteriores do Haiti, Marie-Michele Rey, pedindo que o governo do país iniciasse um diálogo com a África do Sul para garantir o ;retorno imediato; do ex-presidente. Ontem, o governo emitiu um comunicado oficial informando que deve ;conceder rapidamente; as demandas feitas pelo ex-mandatário.

Caso se concretize, esse será o segundo retorno de um ex-governante ao país caribenho em menos de um mês. Na opinião do tradutor haitiano Fréderic Novil, que vive em Porto Príncipe, a volta de Aristide será bem recebida pelo povo, ao contrário da recepção tímida que mereceu a volta do ex-ditador Jean-Claude Duvalier, mais conhecido como Baby Doc. ;Com certeza, centenas de pessoas devem ir às ruas dar boas-vindas quando ele chegar. Ele fazia coisas boas para a população. Foram os líderes políticos e uma parte da burguesia que o expulsaram do governo, porque tinham outros interesses;, opina Novil, em entrevista por telefone.

Depois de quase três meses de impasse, o resultado final do primeiro turno das eleições presidenciais no Haiti deve ser divulgado oficialmente amanhã. A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, desembarcou na capital haitiana no domingo para pedir que o governo adote as recomendações da missão da Organização de Estados Americanos (OEA) de excluir da disputa o candidato governista Jude Celestin, que terminou o primeiro turno em segundo lugar. O resultado, no entanto, provocou reações da população, devido a fortes indícios de fraude.

;Estou aqui para pedir que a voz e os votos do povo haitiano sejam escutados e respeitados. Apoiamos a sugestão da OEA e gostaríamos de ver o Haiti finalizar suas eleições para que possamos começar o trabalho duro que temos pela frente;, disse a chefe da diplomacia americana à imprensa local, que se reuniu no domingo com o presidente René Préval. A exclusão de Celestin faria com que o segundo turno fosse disputado por Mirlande Manigat e Michel Martelly.

Longo exílio
Duvalier chegou ao Haiti em 16 de janeiro depois de 25 anos de exílio. O ex-presidente, que comandou o país entre 1971 e 1985, é acusado de tortura, crimes contra os direitos humanos e corrupção. O ex-ditador aguarda um processo judicial em uma casa cercada por seguranças, em Porto Príncipe.

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