Agência France-Presse
postado em 02/02/2011 11:35
ANAA - O presidente do Iêmen, Ali Abdallah Saleh, no poder há 32 anos, anunciou nesta quarta-feira (2/2) que não disputará a reeleição e fez mais concessões à oposição, após manifestações inspiradas pelos protestos populares na Tunísia e no Egito.Saleh propôs a formação de um "governo de unidade nacional", indicando que adiará as eleições legislativas previstas para 27 de abril, muito questionadas pela oposição, e que é a favor da adoção de reformas políticas antes do pleito.
"Não haverá governo hereditário nem presidência vitalícia", disse Saleh, cujo atual mandato termina em 2013, durante uma reunião extraordinária com o Parlamento e o Majlis Al Shura (conselho consultivo), num momento em que a oposição convoca manifestações para um novo "dia da ira" nesta quinta-feira.
Os deputados se preparavam para examinar no dia 1; de março um projeto de reforma constitucional que permitiria transformar Saleh em presidente vitalício. Uma emenda previa o fim do limite de dois mandatos consecutivos permitidos ao presidente.
Além disso, a oposição acredita que Saleh planejava transferir o poder ao filho Ahmad, que dirige a guarda republicana, uma unidade de elite das forças armadas iemenitas.
Saleh, que foi reeleito por sete anos em 2006, também pediu aos partidos opositores reunidos no "Fórum Comum" que "interrompam as manifestações de rua" e retomem o diálogo sobre as reformas políticas, abandonado quando as autoridades optaram por organizar as eleições legislativas no próximo 27 de abril.
Milhares de iemenitas inspirados pela rebelião popular na Tunísia e no Egito tomaram as ruas na última quinta-feira para exigir a renúncia de Saleh, que chegou ao poder em 1978.
Em vários pontos da capital Sanaa, manifestantes gritavam que o ex-presidente tunisiano Zine El Abidine Ben Ali "foi embora após 20 anos, e no Iêmen já são 30 anos - basta". O slogan refere-se ao governante deposto da Tunísia, que deixou o país em 14 de janeiro após uma revolução popular que acabaou com 23 anos de ditadura.
O Movimento Sulista (separatista) também organizou protestos em várias cidades iemenitas, sob os motes "Revolução no Sul" e "Antes morrer livres do que aceitar a ocupação".
Assim como no dia 27 de janeiro, o partido governista Congresso Popular Geral (CPG) havia lançado um apelo à realização de contramanifestações nesta quinta-feira.