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Potências ocidentais parecem prontas a abandonar Hosni Moubarak

postado em 02/02/2011 19:02
Paris - As potências ocidentais parecem prontas, nesta quarta-feira (2/2), para abandonar o presidente egípcio Hosni Mubarak, considerando que ele deve pôr em prática imediatamente um processo real de transição e não se contentar em sair do poder apenas em setembro.

Na terça-feira à noite, após ter sido vaiado por mais de um milhão de egípcios que exigiam sua renúncia, o "rais" (chefe supremo incontestável), de 82 anos, 29 no poder, anunciou em discurso na televisão que continuaria no cargo, mas que não se candidataria às eleições presidenciais de setembro.

Isso não basta, responderam imediatamente os Estados Unidos, para quem o Egito constitui uma peça-chave de sua política no Oriente Médio.

"O que está claro e eu já conversei nesta noite com o presidente Mubarak, é que uma transição bem ordenada deve ser significativa, devendo ser pacífica e começar agora", insistiu o presidente americano Barack Obama durante um discurso solene.

Mas Obama não chegou a pedir que o presidente egípcio se demitisse imediatamente.

Após Washington, a chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton pediu a Hosni Mubarak que agisse "o mais rápido possível" para realizar a "transição" política pedida pelos manifestantes.

Londres e Madri defenderam explicitamente um "governo de transição".

"A transição deve ser rápida, crível e começar agora", lançou o primeiro-ministro britânico David Cameron no Parlamento. Já o Foreign Office afirmava ter sido claro, em conversa particular, com o presidente Mubarak, "sobre a necessidade de uma transição para um governo mais amplo que produza uma mudança real, visível e geral".

"Pode ser um governo de união nacional", "que dirija o processo até a convocação de eleições gerais", disse também a ministra espanhola das Relações Exteriores, Trinidad Jimenez, ao canal Antena 3.

Muito criticado na França por ter apoiado o regime deposto do ex-presidente tunisiano Zine El Abidine Ben Ali, o chefe do Estado francês Nicolas Sarkozy também está de acordo com a opção de uma saída suave do presidente egípcio.

Nicolas Sarkozy "reiterou seu desejo de que um processo de transição concreto ocorra em breve", informou a presidência francesa em comunicado.

Berlim e Estocolmo mencionaram outras etapas necessárias para a mudança de regime.

A Alemanha "mostra-se a favor (...) de uma transição rápida para uma nova era de democracia", declarou o porta-voz da chanceler Angela Merkel. "É preciso ver agora qual papel o presidente egípcio quer e pode desempenhar", disse o chefe da diplomacia alemã Guido Westerwelle.

"A era Mubarak na política egípcia acabou", considerou, por sua vez, a chefe da diplomacia sueca Carl Bildt, convidando-o a se concentrar na "tarefa decisiva que será organizar eleições livres e iguais para escolher o próximo presidente do Egito".

A despeito do caráter autoritário de seu regime, Hosni Moubarak havia até então sido apoiado pelas potências ocidentais, por seu respeito aos acordos de paz com Israel de 1979 e por sua luta contra os islamitas.

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, que encarna o islamismo político moderado, estimou que a única opção era a partida imediata do "rais". O povo egípcio "espera decisão bem diferente" das anunciadas na noite de terça-feira, disse, segundo o canal de informação NTV.

Israel havia feito um apelo à comunidade internacional a "exigir" de todo o governo egípcio o respeito ao tratado de paz com o Estado hebreu.

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