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Revolta no Egito põe à prova laços militares com os EUA

Agência France-Presse
postado em 03/02/2011 11:46
WASHINGTON - A revolta no Egito gerou questionamentos sobre o papel da ajuda militar dos Estados Unidos na promoção de seus interesses, enquanto Washington tenta tomar distância do regime autocrático do presidente Hosni Mubarak, há 30 anos no poder.

Para os manifestantes egípcios, o vai e vem dos caças F-16 que sobrevoam a praça Tahrir e os ensurdecedores tanques Abrams que circulam pelas ruas simbolizam os fortes e antigos laços americanos com o regime de Mubarak, ainda que o presidente Barack Obama esteja começando a pressioná-lo a deixar o poder.

Para Washington, entretanto, fornecer armas e treinamento militar ao Egito e a outros países é considerado um investimento rentável, pois amplia sua influência na região e salvaguarda o crucial tratado de paz entre Egito e Israel.

A ajuda militar americana ao Cairo, no valor de 1,3 bilhão de dólares por ano, representa um dos mais proeminentes e caros exemplos de como a Casa Branca conduz a diplomacia apoiada em sua vasta indústria militar e de defesa.

Esta estratégia, no entanto, acarreta riscos, uma vez que a assistência não garante que os paradigmas americanos serão seguidos, ao mesmo tempo em que vincula os Estados Unidos a regimes repressores, acusados de abusos contra os direitos humanos, incluindo da Arábia Saudita ao Uzbequistão.

"O que está em jogo é um equilíbrio, a assistência que (os EUA) proporcionam gera um pouco de influência - embora incompleta - sobre o que eles (os egípcios) fazem", estimou Stephen Biddle, do centro de estudos Council on Foreign Relations.

"E a assistência implica em algum grau de envolvimento, embora não completamente, no que eles fazem", concluiu. "De modo que há vantagens e desvantagens".

Por mais de três décadas, os caças, tanques e helicópteros americanos enviados ao Cairo ajudaram a manter de pé o acordo de paz do Egito com Israel, vital aliado de Washington, ao mesmo tempo em que dá acesso às bases aéreas egípcias e uma passagem segura para os navios de guerra americanos através do Canal de Suez.

Funcionários americanos acreditam que os resultados de tantos anos de programas de treinamento para os oficiais egípcios talvez tenham aparecido nos últimos dias, contribuindo para a negativa do Exército em abrir fogo contra os manifestantes que exigem a partida de Mubarak.

O comandante do Estado-Maior Conjunto, almirante Mike Mullen, destacou o "profissionalismo" dos militares egípcios após conversar com o comandante das forças armadas egípcias no Cairo.

"Claramente, é uma situação muito volátil e incerta, mas o chefe (do Estado-Maior Conjunto) gostaria muito de dar continuidade à relação que temos com os militares egípcios", disse à AFP o porta-voz de Mullen, capitão John Kirby.

O senador Lindsey Graham defende o apoio de Washington às Forças Armadas egípcias, afirmando que isso evitará que islamitas radicais cheguem ao poder no país.

"Todo americano deveria apreciar o fato de que durante muitos anos proporcionamos ajuda às Forças Armadas egípcias em termos de equipamento e treinamento, porque estas forças são nosso melhor trunfo no mundo para garantir que o Egito não se transforme em um Estado radical", disse Graham.

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