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Milhares de pessoas rezam na praça Tahrir no "Dia da Partida"

Agência France-Presse
postado em 04/02/2011 12:06
CAIRO - Dezenas de milhares de pessoas oraram na praça Tahrir, no centro do Cairo, onde se concentram os manifestantes anti-Mubarak, ao iniciar nesta sexta-feira (4/2) o que a oposição quer que seja o "Dia da Partida" do presidente egípcio, comprovou a AFP.

"É um movimento egípcio. Todo mundo participou, tanto muçulmanos como cristãos, para exigir os direitos que lhes roubaram", declarou o imã que liderou a oração, identificado como Khaled al Marakbi pelos fiéis reunidos nessa praça central, onde estão entrincheirados há 11 dias os opositores do presidente Hosni Mubarak.

"Não temos um partido que nos represente e expresse nossas reivindicações. Aquele que quiser negociar, que venha aqui para falar", afirmou o irmã. "Estamos livres e queremos viver livres. Peço que tenham paciência até a vitória", completou.

O imã chorou durante a oração na qual se lembrou dos mortos. Segundo a ONU, 300 pessoas morreram no Egito desde 25 de janeiro, às quais se somaram ao menos oito que morreram nos confrontos entre partidários e adversários de Mubarak na batalha campal de quarta-feira na praça Tahrir.

Tão logo acabou a cerimônia, as pessoas começaram a gritar "vá embora, vá embora já" para pedir a renúncia do presidente, de 82 anos, que leva 30 anos no poder.

Em função da situação, o ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, discursou à multidão reunida na praça, cercado por soldados que pediram aos manifestantes que sentassem no chão.

"Mubarak já disse que não voltará a concorrer na eleição de setembro", disse Tantawi.

O ministro reiterou o pedido dos principais líderes do país a um diálogo com a oposição e citou especialmente o Guia Supremo da Irmandade Muçulmana - o grupo mais articulado dos adversários de Mubarak - Mohamed Badi.

"Digam ao Guia que sente para negociar com eles", disse.

Segundo a televisão estatal, o ministro está examinando a situação da Praça Tahrir. A emissora também pediu à multidão que deixe o local.

Nos últimos dois dias, os partidários de Mubarak agrediram inúmeros jornalistas estrangeiro.

A ONU, que avalia que desde o início dos protestos aconteceram 300 mortes e milhares de feridos, pediu nesta sexta-feira às autoridades egípcias que efetuem investigações "transparentes e imparciais" sobre as violências.

"Os governos devem escutar suas populações e colocar em prática suas obrigações sobre direitos humanos", declarou a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay.

"A mudança está em curso no Egito, como aconteceu na Tunísia, mas a violência e o derramamento de sangue devem ser interrompidos", disse ainda.

A União Europeia (UE), por sua vez, inaugurou uma reunião de cúpula nesta sexta-feira, em Bruxelas, com a intenção de manter a pressão sobre o regime de Hosni Mubarak e exercer uma influência nesta crise ao lado dos Estados Unidos.

Em sua chegada a Bruxelas, os dirigentes europeus pediram a Mubarak que evite novos episódios de violência durante o "Dia da Partida" e inicie rapidamente uma transição política.

"Esperamos que as forças de segurança egípcias atuem de forma que assegurem manifestações livres e pacíficas nesta sexta decisiva", assinalou a chanceler alemã, Angela Merkel.

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, também afirmou que é "absolutamente essencial" que o governo Mubarak inicie um diálogo com a oposição.

Os opositores ao regime rejeitaram até o momento qualquer diálogo com o governo enquanto Mubarak permanecer no poder.

O guia da Irmandade Muçulmana, principal força de oposição no Egito, disse nesta sexta-feira que está disposto a dialogar com o vice-presidente Omar Suleiman sob a condição da renúncia do presidente Hosni Mubarak, em declarações à emissora Al-Jazeera.

"Dialogaremos com quem quiser desenvolver reformas no país, depois da renúncia desse injusto, corrupto tirano", declarou o guia, Mohamed Badie, referindo-se a Mubarak.

É a primeira vez que o guia supremo da organização islâmica expressa-se publicamente desde o início de uma revolta popular contra o regime de Mubarak, em 25 de janeiro.

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