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Clinton defende democratização do Oriente Médio, apesar dos "riscos"

Agência France-Presse
postado em 05/02/2011 11:44
Munique - A secretária de Estado americana Hillary Clinton defendeu neste sábado a democratização do Oriente Médio, insistindo, no entanto, nos "riscos de caos", numa conjuntura regional "perfeita", segundo ela, para uma "tempestade".

"No Oriente Médio, não vimos a democracia e a economia convergir no mesmo sentido", disse, durante a 47; Conferência sobre a segurança em Munique (sul da Alemanha).

Segundo Hillary Clinton, é normal que jovens de menos de 30 anos, uma fração significativa da população dos países árabes, "peçam mais eficácia a seus governos, mais de acordo com suas necessidades".

"Através da região" do Oriente Médio - "deve haver um progresso evidente e real em direção a sistemas transparentes, honestos, e responsáveis", afirmou.

"No momento atual, em alguns países esta transição avança rapidamente, em outros levará tempo", declarou numa alusão clara aos diferentes contextos da Tunísia, que depôs o presidente Ben Ali, e do Egito, onde o presidente Hosni Mubarak recusa-se a partir logo.

De qualquer forma, "sem progresso em direção a sistemas abertos e responsáveis, o fosso entre os povos e seus governos vai aumentar e a instabilidade, agravar-se", disse na conferência.

"Claro, há riscos, riscos inerentes a esta transição para a democracia", observou a secretária de Estado americana.

[SAIBAMAIS]"Isto pode engendrar o caos, e uma instabilidade a curto prazo, até pior. Como observamos no passado, a transição pode levar a uma regressão, com um outro regime tão autoritário", quanto aquele que os cidadãos de um país querem se livrar, destacou Hillary Clinton.

No Oriente Médio, a conjuntura está "perfeita" para uma "tempestade", considerou, destacando, assim, a importância dos riscos.

A secretária de Estado americana também saudou neste sábado a "moderação" demonstrada pelas autoridades egípcias durante as manifestações de sexta-feira contra o regime do presidente Hosni Mubarak, após a violência dos dias anteriores.

Seria, com efeito, "incomparavelmente mais difícil" para todos tomar decisões já delicadas, se o "governo e as forças de segurança não demonstrarem retenção", destacou.

"A transição não pode funcionar a menos que seja deliberada, consensual e transparente", frisou.

Em particular, no Egito, "é importante apoiar o processo de transição anunciado pelo governo", e que a aplicação deste processo "convença as pessoas comprometidas com ele" no movimento de contestação, "permitindo a realização ordeira das eleições previstas para setembro".

Segundo ela, o presidente Hosni Mubarak "transmitiu a seu governo uma mensagem clara, voltada para conduzir e apoiar este processo de transição".

Mas, embora "os princípios sejam claros, os detalhes práticos representam um desafio", admitiu.

Assim, "esperamos que a situação avance da forma mais ordenada e rápida possível, tendo em vista as circunstâncias", concluiu.

Hillary participa da Conferência sobre a Segurança de Munique (sul da Alemanha), voltada para a crise egípcia e o bloqueio das negociações de paz no Oriente Médio.

A conferência de três dias reúne chefes de governo, ministros, altos comandos militares e especialistas.

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