Agência France-Presse
postado em 06/02/2011 12:52
Cairo - Participantes do diálogo entre o governo egípcio e vários grupos da oposição, entre eles a Irmandade Muçulmana, decidiram neste domingo formar um comitê encarregado de realizar reformas constitucionais, antes da primeira semana de março, anunciou o porta-voz do governo, Magdi Radi.As conversações, com representantes da oposição e personalidades independentes, haviam sido convocadas pelo vice-presidente egípcio Omar Suleiman.
Houve consenso "sobre a formação de um comitê que contará com o poder judiciário e um certo número de personalidades políticas, para estudar e propor as emendas constitucionais e legislativas que se fizerem necessárias", anunciou Radi.
A Irmandade Muçulmana participa das discussões, assim como alguns grupos que estiveram presentes nas manifestações realizadas desde 25 de janeiro para exigir a renúncia de Hosni Mubarak.
Segundo Radi, os participantes da reunião de domingo se puseram de acordo sobre "uma transição pacífica do poder, com base na Constituição".
O comunicado lido, propõe a abertura de um escritório destinado a receber queixas relativas a presos políticos, estabelecer o levantamento das restrições impostas aos meios de comunicação e a rejeição a "qualquer intromissão externa nos assuntos egípcios".
O texto pede, também, o levantamento do estado de emergência "de acordo com a situação da segurança.
[SAIBAMAIS]O diálogo aberto neste domingo reúne representantes da Irmandade Muçulmana, do Partido Wafd (liberal) e do Tagammou (esquerda), que fazem parte de um comitê escolhido por grupos defensores da democracia. Estes lançaram o movimento de contestação que exige, desde 25 de janeiro, a saída do presidente Hosni Mubarak.
Já o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, que convocou o diálogo, recusou neste domingo um pedido da oposição para que assuma os poderes do presidente Hosni Mubarak, muito questionado há duas semanas, afirmou um dos participantes do encontro.
O chefe de Estado, de 82 anos, já anunciou que não se apresentará a um novo mandato no pleito de setembro, mas não parece ter a intenção de se demitir.
Em Munique, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, demonstrou apoio à participação do movimento islamita egípcio Irmandade Muçulmana nas conversações políticas no Egito.
"Soubemos da participação da Irmandade Muçulmana, indicando que, pelo menos, estão envolvidos no diálogo que estimulamos", disse Hillary Clinton à National Public Radio (NPR), a partir da Alemanha, onde participa da 47; Conferência sobre a segurança.
"Vamos esperar e ver como se desenvolvem" as conversações, mas "fomos muito claros sobre o que esperamos" delas".