postado em 07/02/2011 11:34
Brasília - O diálogo que começou ontem (6/2) entre o governo do presidente do Egito, Hosni Mubarak, e vários setores da oposição não conseguiu conter os protestos populares no país. Milhares de manifestantes passaram a madrugada acampados na Praça Tahrir, centro dos últimos protestos no Cairo, e prometem manter a vigília até que Mubarak deixe o poder.O governo ofereceu uma série de concessões durante as negociações de ontem, mas a oposição diz que elas não foram suficientes. Em mais uma indicação de que a vida no Egito ainda está longe de voltar ao normal, a Bolsa de Valores do Cairo, praticamente fechada desde o início dos protestos, adiou por pelo menos 24 horas a retomada dos negócios.
A maior parte do comércio na capital egípcia também está fechada provocando problemas de desabastecimento e corrida dos egípcios por suprimentos. Alguns bancos reabriram ontem, depois de vários dias de fechamento, mas as escolas ainda não funcionam.
O valor da libra egípcia, que já havia caído 17% desde o início dos protestos, sofreu nova queda, agora de mais 1,5%, na abertura dos negócios hoje. Analistas econômicos afirmaram que é uma indicação do impacto dos protestos sobre a economia do Egito, que entrou no 14; dia de manifestações.
O governo Mubarak planeja o leilão de US$ 2,5 bilhões em títulos públicos de curto prazo, após o cancelamento de leilões na semana passada. É um esforço para retomar a economia do país, que, segundo estimativas, está perdendo pelo menos US$ 310 milhões por dia devido à crise.
Na reunião ontem com a oposição, o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, ofereceu a criação de um comitê para estudar reformas constitucionais. No entanto, os grupos opositores, incluindo a Irmandade Muçulmana, reagiram com cautela à oferta.
Os oposicionistas querem o fim imediato das leis de emergência, que vigoram no país há 29 anos, dando poderes de repressão ao Estado, e a suspensão do chamado "incentivo à intimidação" por parte da televisão estatal, além da censura à imprensa.
Essa foi a primeira vez que representantes do governo e da Irmandade Muçulmana, uma organização oficialmente declarada ilegal no Egito, sentaram-se à mesa de negociações com o governo.