Agência France-Presse
postado em 07/02/2011 14:21
DACAR - O 11; Fórum Social Mundial (FSM), que está sendo celebrado em Dacar, dedicou nesta segunda-feira seu segundo dia de trabalhos à África e recebeu como convidado o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, precursor desta reunião alternativa.Lula se reuniu com a líder socialista francesa Martine Aubry e tem reunião marcada com o presidente senegalês Abdoulaye Wade.
O ex-presidente brasileiro destacou, à margem do Fórum, a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento.
Lula e Aubry se referiram, além disso, aos trabalhos do G20 de potências desenvolvidas e países emergentes, que atualmente é presidido pela França, e pediram que o grupo se concentre em questões como o desemprego.
"No G20 podem dizer que não há nenhum problema e jamais se fala de desemprego", declarou Lula, no início da reunião com a socialista francesa.
De sua parte, Aubry concordou. "Estamos fora da realidade".
Depois do encontro, Aubry explicou ter conversado com o Lula sobre o próximo G20 e a forma de trabalhar juntamente com países progressistas.
"Também falamos das relações entre a América do Sul e a África. A África começa a solucionar seus problemas, algo que a Europa não entende bem, mas outros países como a China e a Índia já compreenderam", assegurou.
"É necessário refletir sobre a forma com que podemos estabelecer juntos as bases de outros modelo de desenvolvimento. Lula tem a convicção de que hoje em dia não existe um líder no mundo, e principalmente na Europa, capaz de levar adiante essa mudança", acrescentou.
Entre as várias oficinas e debates organizados no FSM, o enfoque foi o "neocolonialismo" na África depois de 50 anos de independência, assim como a luta contra a especulação pelo controle de terras.
"Não toquem em minha terra. É a minha vida", foi o título escolhido pelas ONGs Enda e Oxfam para denunciar "o controle de terras por parte de grupos estrangeiros".
"Segundo um informe do Banco Mundial, entre agosto de 2008 e outubro de 2009, foram comprados 42 milhões de hectares nos países do sul. Mas os investidores do norte e as elites do sul envolvidos nisso fazem principalmente aquisições com fins especulativos, sem investir na agricultura", explica o senegalês Lamine Ndiaye, da Oxfam.
"Reafirmamos que a prioridade é reforçar a agricultura familiar na África, único meio de garantir a segurança alimentar", afirmou, por sua vez, o francês Bernard Pineau, do CCFD (Comitê Católico contra a Fome e para o Desenvolvimento).
O FSM, que este ano coincide com os protestos populares no mundo árabe, começou neste domingo em Dacar com uma passeata de milhares de pessoas e com a participação, entre outros, do presidente boliviano Evo Morales.
O número de participantes da manifestação foi avaliado em 10 mil por jornalistas no início do protesto, e chegou a 60 mil, segundo os organizadores, quando terminou com um comício em uma grande praça de Dacar.
Entre os participantes, encontrava-se o presidente boliviano Evo Morales e Aubry.
Esta é a segunda vez desde a sua criação, em 2001 em Porto Alegre, que o Fórum é realizado na África, após a edição de Nairobi de 2007.