postado em 09/02/2011 09:43
O julgamento e a condenação de um cristão acusado de distribuir panfletos classificados como insultuosos ao islã foram o estopim para uma onda de violência religiosa na Indonésia, o país com a maior população muçulmana do mundo. Cerca de mil manifestantes ligados a grupos fundamentalistas islâmicos enfrentaram a polícia diante do tribunal de Temanggung, na ilha de Java, protestando contra a sentença, que consideraram branda demais. Os distúrbios se alastraram pelos arredores e duas igrejas foram incendiadas e outra depredada pelos manifestantes.Os incidentes se seguem a outro surto de intolerância ocorrido dois dias antes em outra localidade de Java, onde três integrantes da seita muçulmana minoritária ahmadiyah foram linchados por centenas de moradores que impediram uma reunião particular ; realizada em uma residência. Segundo relatos da imprensa indonésia, policiais presentes não teriam tomado nenhuma atitude para conter o ataque. Aos olhos dos extremistas, os adeptos da seita são hereges e merecem ser punidos com a pena capital. Embora as autoridades religiosas oficiais classifiquem a seita como ;um desvio;, suas atividades não são formalmente proibidas.
A sentença de morte era também o que os manifestantes de Tamanggung reclamavam para o cristão condenado por blasfêmia. Assim que a decisão foi anunciada, cerca de mil manifestantes que se concentravam diante da corte passaram a atirar pedras e tentaram tomar de assalto o edifício. A polícia de choque teve de fazer disparos para o alto para conseguir dispersar a multidão.
O governo indonésio manifestou preocupação com o surto de violência, que coincide com o início de uma semana dedicada à tolerância religiosa. Embora seja formada quase totalmente por muçulmanos, a Indonésia é oficialmente um Estado laico. A reação oficial foi motivada principalmente pela divulgação de um vídeo que mostra o linchamento dos ahmadis, no domingo. A atitude oficial, porém, foi criticada por um organismo que assessora o governo norte-americano. ;A Indonésia é um país tolerante, que deveria ser mais intolerante com os grupos extremistas;, disse Leonard Leo, diretor da Comissão sobre Liberdade Religiosa Internacional. ;Já é hora de o governo indonésio levar essas pessoas a responderem pela violência e pelo ódio que semeiam.;