Mundo

Executivo do Google ganha status de herói em revolta egípcia

Agência France-Presse
postado em 09/02/2011 15:35
Cairo - O ciberativista Wael Ghonim, um jovem executivo da gigante da Internet Google, liderou milhares de manifestantes favoráveis à democracia no Egito e se catapultou como estrela entre os jovens, graças ao Facebook. Em parte marqueteiro, e em parte um 'cyber-geek' engajado, o executivo de 30 anos que lançou em 25 de janeiro um chamado para protestar contra o regime egípcio tem a aparência de um político em ascensão e um ar de intelectual. No país, mais da metade da população nasceu depois de o presidente Hosni Mubarak ter tomado o poder, há 30 anos. Como aconteceu durante a revolução na Tunísia, os internautas egípcios modificaram o famoso slogan do presidente americano, Barack Obama, e disseram: "Yes, we can too" ("sim, nós podemos também"). Ghonim - diretor de marketing do Google para Oriente Médio e América do Norte, casado e com formação em engenharia da computação e negócios, mora em Dubai - viajou ao Cairo dois dias antes de as revoltas anti-Mubarak começarem. Já elevado ao status de campeão anônimo da oposição, mobilizando manifestantes pró-democracia por meio de uma página no Facebook, Ghonim foi preso em 27 de janeiro. Os serviços de segurança detiveram e interrogaram Ghonim por 12 dias, durante os quais a praça Tahrir, epicentro dos protestos no Egito, encheu de gente que pedia a saída de Mubarak. Na terça-feira, um dia depois de sua libertação, ele fez uma entrada triunfante na praça, onde foi elevado ao status de herói. "Não sou herói, vocês são os heróis, vocês são os que ficaram na praça", disse Ghonim à multidão eufórica que cantava nos intervalos: "vida longa ao Egito, vida longa ao Egito" e "nós queremos que o regime caia". Em uma coletiva de imprensa realizada posteriormente, Ghonim disse que não era possível chamar a revolta de "revolução do Facebook". "Depois de ver as pessoas agora, eu diria que esta é uma revolução do povo egípcio. É maravilhoso", disse. Em uma entrevista à emissora egípcia Dream 2, Ghonim informou ter sido o criador da página no Facebook "Nós todos somos Khaled Said", em homenagem ao jovem morto pela polícia em Alexandria em junho ao sair de um cybercafé. Enquanto a emissora transmitia imagens de jovens "mártires" que morreram, Ghonim chorou. "Gostaria de dizer a cada mãe, cada pai que perdeu seu filho, me desculpe. Não é nossa culpa, eu juro, não é nossa culpa. É culpa de todos que estão no poder e querem se prender a ele", disse. Ele evitou amplamente a mídia tradicional, preferindo comunicar-se diretamente por redes sociais. Sua página no Facebook tem 90.000 fãs antes de sua libertação, hoje conta com 220.000. As autoridades egípcias lançaram um diálogo nacional com a oposição, mas os jovens reuniram-se na praça Tahrir para rejeitar a participação - e enquanto eles ainda não têm um líder, aparentemente já têm um porta-voz.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação