postado em 09/02/2011 19:51
Paris- O risco, temido pelo Ocidente, de um Egito islâmico não existe, disse o secretário-geral da Liga Árabe, o egípcio Amr Musa, para quem a "revolução" em seu país não se fragilizará, em entrevista publicada nesta quarta-feira (9/2) pelo jornal Le Monde.
"Este risco não existe. Tenho consciência desse dilema ocidental. Preocupa os ocidentais até o ponto de alguns intelectuais e responsáveis políticos estarem dispostos a sacrificar a democracia em nome de seu temor em relação à região", completou Musa.
Mas "sua análise é falsa e é uma má política", completou.
"A Irmandade Muçulmana não foi instigadora e não conduz a revolução egípcia. Participa dela, isso é tudo", completou.
"Esta revolução é, antes de tudo, da juventude e das classes médias e, se tiver êxito, a mensagem enviada aos países árabes e ao mundo será forte, porque não está de nenhuma forma relacionada com a religião ou um grupo religioso. Olhem a composição dos manifestantes: há cristãos e muçulmanos", disse Amr Musa.
Para o secretário-geral da Liga Árabe, a reunião diária dos manifestantes "não tem nada a ver com um grupo, seja a Irmandade Muçulmana ou outro".
"Outro exemplo é que a sinagoga do centro (do Cairo) segue inteira. Não recebeu nenhuma pedrada e não há pixações em suas paredes. Nenhum incidente ocorreu", completou.
Segundo ele, o movimento de protestos não se fragilizará. "A cada dia chegam diferentes tipos de pessoas (à praça Tahrir), que pedem mudanças", afirmou o secretário-geral, cujo gabinete está localizado nesta praça do Cairo.
Na semana passada, Amr Musa não havia descartado a possibilidade de ser candidato a uma eleição presidencial no Egito.