Agência France-Presse
postado em 11/02/2011 16:51
As renúncias do presidente do Egito, Hosni Mubarak, e do vice-presidente, Omar Suleiman, inauguram uma nova etapa política no país africano. O governo de transição ficará sob o comando de uma junta militar liderada pelo atual ministro da Defesa, marechal Tantawi, de 79 anos. Com os militares no poder provisoriamente, a expectativa é que sejam abertas as negociações com a oposição para o restabelecimento da democracia no país.
A junta militar deve reunir oficiais das três Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). Até a tarde de hoje (11), não havia detalhamento sobre os nomes que integrarão o governo de transição egípcio.
A primeira medida esperada pela oposição é a suspensão do estado de emergência, que vigora no Egito há quase três décadas. A medida de exceção limita direitos individuais e a liberdade de expressão no país.
Os integrantes do governo de transição devem promover reuniões com os líderes da oposição. Pela primeira vez nos últimos 30 anos, os vários segmentos oposicionistas do Egito se uniram e devem lançar um nome de consenso para a eleição presidencial, inicialmente marcada para setembro.
Os oposicionistas defendem a convocação imediata de novas eleições parlamentares, mesmo decorridos apenas três meses da última eleição para renovação do Parlamento egípcio. Para a oposição, é necessário reformar a Constituição por meio de uma Assembleia Nacional Constituinte.
O atual Parlamento egípcio, integrado pelas câmaras Alta (nos moldes do Senado brasileiro) e Baixa (semelhante à Câmara dos Deputados), é amplamente dominado pelos aliados de Mubarak e Suleiman, que controlam 95% das cadeiras. Para os oposicionistas, manter o atual Parlamento não permitirá o avanço das reformas exigidas nas ruas pela população.
Se houver alterações na Constituição, as eleições presidenciais podem ser antecipadas. No entanto, a oposição pede a presença de observadores estrangeiros e garantias de que o processo eleitoral será conduzido de forma democrática e livre.