Mundo

Imprensa mundial insiste nas incertezas sobre o futuro do Egito

Agência France-Presse
postado em 12/02/2011 13:55
A imprensa mundial reagiu neste sábado com um otimismo prudente à renúncia do presidente Hosni Mubarak, insistindo na incertezas sobre o Egito e o mundo árabe.

"A marcha do Egito para a liberdade política não fez mais do que começar", afirma o Wall Street Journal. "Este novo Egito é a melhor oportunidade desde o 11 de setembro (de 2001) de mudar o esclerosado mundo árabe, e deveria ser aproveitada pelos egípcios e seus amigos", completa.

O New York Times considera que os Estados Unidos e os países democráticos devem pressionar para obter "uma mudança plenamente democrática" no Egito.

O Washington Post vai além e afirma que Washington e os países ocidentais deveriam pressionar os militares egípcios: "O poder (militar) pode decidir um novo mapa do caminho para a democracia e eleições".

No Egito, a imprensa estatal, que sempre apoiou Mubarak, saudou neste sábado a "revolução dos jovens", que "venceu" o regime.

Na Tunísia, o jornal Le Temps afirma que "esta revolução também é nossa". "O presidente-ditador (Mubarak) compreendeu no fim que nenhuma força, por mais potente que seja, pode opor-se à vontade do povo. Ele percebeu muito tarde e não assimilou a lição tunisiana".

Na Síria, o jornal Baas, órgão do partido governista, celebra "um momento histórico. Um dos maiores da história nacional egípcia e um dos mais brilhantes da história popular árabe, que nunca se recuperou da perda do Egito, desde que entrou para as masmorras de Camp David". A afirmação é uma referência ao acordo de paz que o Cairo assinou em 1979 com Israel.

O Asharq al-Awsart, jornal de Londres de propriedade da Arábia Saudita, saudou a renúncia de Mubarak e destacou que "o ritmo da rebelião do Egito sacode o Irã", país com o qual a monarquia petroleira mantém uma disputa pela hegemonia na região.

Para o Times de Londres, a queda de Mubarak traz "alegria, esperança e liberdade ao Egito, mas também a ameaça da incerteza e da mudança em uma região volátil".

"É como o momento da queda do muro de Berlim para esta geração", escreve.

"Não cairão todas as peças do dominó. Mas muitos governos correm agora para evitar as mesmas condições que geraram a revolução egípcia".

Mais severo, o Daily Telegraph é taxativo: "Não tenham dúvida, o que se celebra como um triunfo do povo é uma tomada de poder militar".

"Tudo depende agora da forma como o Exército usará seu poder", analisa o Independent.

Na França, a imprensa questiona quem será o próximo a cair e aponta para o presidente argelino Abdelaziz Bouteflika.

"O medo mudou de lado, e a angústia se insinua na cabeça dos ditadores", escreve o Libération.

"Em menos de 100 dias, em Túnis e no Cairo, dois regimes que pensávamos inexpugnáveis passaram ao alçapão da história".

"Muitos regimes autoritários terão que adaptar-se à nova situação ou se preparar para passar o bastão", prevê Le Figaro.

O espanhol El País comenta que "depois de 18 dias de exemplar empenho coletivo, os egípcios conseguiram o primeiro e fundamental objetivo de sua revolta, a queda de Hosni Mubarak".

Mas acrescenta que o "histórico dos militares nas nações árabes não é precisamente animador".

A imprensa oficial chinesa insistiu na necessidade de "restaurar a estabilidade" no Egito.

O italiano La Repubblica afirma que o movimento egípcio deve ser chamado de ;revolução da web;, em homenagem à geração dos blogs, do Facebook e do Twitter.

No Brasil, o jornal O Globo destaca que a "queda do último faraó" simboliza "uma nova era de revoluções" A Folha de S. Paulo considera que depois que se conseguiu o "impossível" (a queda de Mubarak), "a transição para a democracia será muito difícil".

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação