Agência France-Presse
postado em 12/02/2011 16:59
Argel - Duas mil pessoas convocadas pela oposição se manifestaram neste sábado na capital argelina para pedir uma mudança de sistema e exigir que os líderes do país renunciem a exemplo da Tunísia e Egito. Um forte dispositivo policial fez inúmeras prisões.
Também foram registradas manifestações em cidades como Orã e Annaba.
Cerca de 30.000 policiais tentaram impedir a marcha que percorreu 4 km entre a Praça da Concórdia e a Praça dos Mártires na capital.
Os manifestantes encontraram um grupo de 40 jovens que gritavam seu apoio ao presidente argelino, Abdelaziz Buteflika. "Buteflika não é Mubarak", exclamavam.
As famílias dos desaparecidos dos anos negros da violência islamita se uniram à manifestação para reclamar a verdade sobre a sorte de seus parentes.
Segundo o ministério do Interior, 250 pessoas participaram na manifestação na Praça da Concórdia, mas os jornalistas calculam que o número de manifestantes era de 2.000.
O ministério do Interior disse que 14 pessoas foram brevemente presas, mas a Liga Argelina para a Defesa dos Direitos Humanos (LADDH) anunciou que houve mais de 300 presos em Argel, Orã (oeste) e Annaba (leste).
"Alguns foram libertados, mas outros continuam detidos", declarou à AFP o presidente da LADDH, Mustapha Bouchachi.
A polícia prendeu Fodiol Bumala, um dos fundadores da Coordenação Nacional para a Mudança e a Democracia (CNCD), que havia convocado a marcha, e o deputado opositor Othman Mazuz.
Entre os manifestantes, que gritavam "Argélia livre", estavam Said Sadi, presidente do partido opositor Assembleia pela Cultura e a Democracia (RCD), e o líder islâmico Ali Belhadj, do partido dissolvido Frente Islâmica de Salvação (FIS).
Em Argel, 20 jovens desafiaram os manifestantes e declararam apoio ao presidente argelino Abdelaziz Buteflika.
Eles gritavam "Buteflika não é Mubarak".
Em Orã, a grande cidade do oeste da Argélia, 400 pessoas, incluindo vários artistas, se reuniram na Praça Primeiro de Novembro.
Frente à estação central de Tizi Uzu, principal cidade de Kabília, alguns jovens queimaram pneus.
A wilaya (prefeitura) de Argel havia negado o pedido de autorização para a marcha da oposição e propôs como alternativa a organização de um protesto em locais como um complexo olímpico.
A Cooperação Nacional para a Mudança e a Democracia (CNCD), que agrupa a oposição e a sociedade civil, convocou a marcha este sábado em Argel para pedir, entre outras coisas, a suspensão do estado de emergência, em vigor desde fevereiro de 1992 e uma "mudança de sistema".
Na semana retrasada, o presidente Abdelaziz Bouteflika afirmou que o estado de emergência será levantado "em um futuro próximo".
O estado de emergência foi instalado unicamente em resposta "à luta contra o terrorismo", afirmou Bouteflika.
O anúncio foi feito em meio a pedidos de membros da sociedade civil e partidos de oposição, que pedem o fim do estado de emergência da Argélia, país que enfrentou um conflito brutal em 1990 com insurgentes islâmicos que matou milhares de pessoas.