Agência France-Presse
postado em 13/02/2011 12:49
Lampedusa - A Itália pediu neste domingo ajuda internacional ante o "ritmo incessante" de desembarques de imigrantes tunisianos na ilha italiana de Lampedusa e pediu o direito de mobilizar sua polícia na Tunísia para impedir o êxodo.
"A Europa não faz nada. Estou muito preocupado e pedi a intervenção urgente da União Europeia (UE) porque o Magreb está explodindo. Como sempre, nos deixaram sozinhos. Gerenciamos a urgência humanitária com a única proteção civil. Uma intervenção da Europa é indispensável", disse o ministro italiano do Interior, Roberto Maroni.
[SAIBAMAIS]Roma também pediu uma reunião urgente do Conselho de Justiça e Interior da UE. Ele quer ainda uma ação centrada em impedir a saída dos tunisianos de seu país.
"Eu vou solicitar autorização ao ministro das Relações Exteriores para que nossas forças possam intervir na Tunísia para bloquear o fluxo. O sistema está em colapso na Tunísia", afirmou Maroni.
Maroni, membro da Liga do Norte, partido contrário à imigração, fez a declaração antes do anúncio de que o chanceler canciller tunisiano, Ahmed Ounaies, pediu demissão ao governo de transição.
A Itália enfrenta há alguns dias incessantes desembarques de imigrantes clandestinos tunisianos. Quase 5.000 pessoas chegaram em cinco dias à ilha de Lampedusa, a 150 km das costas tunisianas.
Somente neste domingo, 977 imigrantes tunisianos chegaram de forma clandestina a Lampedusa, sul da Itália, informou a Guarda Costeira italiana.
"Desde a meia-noite, 977 pessoas chegaram a Lampedusa", declarou o comandante do porto de Lampedusa, Antonio Morana, enquanto outras embarcações se aproximavam da ilha.
"A situação é difícil, os desembarques continuam em um ritmo incessante", reconheceu Morana. O mar calmo e o tempo bom favorecem a saída da Tunísia de embarcações lotadas de imigrantes clandestinos.
O governo italiano proclamou no sábado estado de emergência humanitária, mas as autoridades reconhecem que isto não é suficiente.
"Temos que mobilizar os países do Mediterrâneo que têm navios, aviões e helicópteros para controlar as costas tunisianas", declarou em entrevista ao jornal Corriere della Sera o ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini.
"Os clandestinos tunisianos receberão ajuda, mas não poderão ficar no território italiano. Serão repatriados", disse.
Neste domingo a ilha de Lampedusa tinha mais de 2.000 imigrantes clandestinos, quase todos tunisianos, segundo a polícia.