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Governo mexicano anuncia retirada do 'Ano do México na França'

Agência France-Presse
postado em 15/02/2011 11:23
MÉXICO - O governo mexicano anunciou na segunda-feira à noite que não existem condições para participar no Ano do México na França, depois que o presidente Nicolas Sarkozy dedicou as festividades à francesa Florence Cassez, condenada no México por sequestro.

"Após as declarações do presidente Nicolas Sarkozy, o governo do México considera que não existem as condições para que o Ano do México na França aconteça de maneira apropriada", afirma um comunicado do ministério das Relações Exteriores.

A vice-chanceler Lourdes Aranda afirmou que houve uma mudança de regras unilateral por parte do governo francês.

"Fomos convidados para um evento cultural que mudou para uma homenagem a uma sequestradora", disse.

O ministro da Cultura da França, Fréderic Miterrand, afirmou que o governo mexicano fez de "certa maneira a cultura de refém".

Ele disse ainda que não se trata mais de um assunto cultural e sim de um assunto de Estado. Para Miterrand, a decisão sobre uma possível anulação do Ano do México na França cabe ao presidente da república.

Na segunda-feira, Sarkozy não anulou as festividades, mas dedicou o evento à Florence Cassez.

"Decidimos manter o Ano do México na França (...) Anulá-lo seria ir contra o povo mexicano e contra os interesses de Florence", afirmou Sarkozy na segunda-feira após encontro de uma hora com os pais da francesa, Charlotte e Bernard Cassez.

Florence Cassez, de 36 anos, foi condenada a 60 anos de prisão por cumplicidade em sequestro, conspiração e posse de armas.

Na quinta-feira passada, um tribunal federal mexicano rejeitou um recurso, confirmando a condenação, o que suscitou uma forte tensão diplomática entre França e México.

Florence alega inocência.

Um tribunal mexicano, composto por três magistrados, rejeitou na quinta-feira passada a apelação, em nome de Florence Cassez, que está detida há mais de cinco anos.

No início do caso, a opinião mexicana mostrou-se hostil à "francesa diabólica".

Mas, em cinco anos, a atividade dos advogados e as investigações da imprensa aprofundadas sobre um dossiê de mais de 10.000 páginas, semearam a dúvida em círculos mais e mais amplos no México.

Em novembro de 2010, a francesa recebeu dois apoios notáveis: o da Igreja Católica do México e o de um ex-procurador-geral federal, cargo equivalente a Ministro da Justiça, que afirmaram crer em sua inocência.

O caso Cassez tornou-se igualmente pomo de discórdia diplomática entre a França e o México, em particular depois da visita de Nicolas Sarkozy ao país, em março de 2009.

Nesta terça-feira, o ministro do Interior da França, Brice Hortefeux, advertiu que o país não renunciará à ajuda a Florence Cassez.

"Vamos seguir com a ação para ajudar Florence Cassez com todos os meios jurídicos de que dispomos", declarou.

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