Agência France-Presse
postado em 15/02/2011 12:00
TUXTLA GUTIERREZ - O subcomandante Marcos, líder do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), questionou a chamada guerra ao narcotráfico no México, que, segundo ele, só alimenta o orçamento bélico e favorece a indústria militar dos Estados Unidos, em uma carta pública com a qual rompeu um prolongado silêncio."Desta guerra não resultam apenas milhares de mortos e importantes ganhos econômicos. Também, e sobretudo, vai resultar uma nação destruída, despovoada, irremediavelmente quebrada", advertiu em carta de nove páginas com a qual inicia uma troca de correspondências com o filósofo mexicano Luis Villoro.
No texto, o chefe do EZLN retoma o tom reflexivo e irônico de suas comunicações, silenciadas desde janeiro de 2009, última ocasião em que apareceu.
O subcomandante apontou, ainda, os Estados Unidos como beneficiário da estratégia militar lançada pelo presidente Felipe Calderón, em dezembro de 2006, para combater os cartéis das drogas com a participação de 50.000 soldados e que desde então deixaram mais de 34.600 mortos.
Marcos questionou, ainda, o número de mortos divulgado pelo governo na ofensiva contra os cartéis.
"Destes 34.612 assassinados, quantos eram delinquentes? E os mais de mil meninos e meninas assassinados, também eram pistoleiros do crime organizado? Quando no governo federal se proclama, ;estamos ganhando;, a qual cartel das drogas se referem? Quantas dezenas de milhares mais fazem parte desta ;ridícula minoria; que é o inimigo a vencer?", questionou.
Desde 2009, Marcos não publica mensagens e o EZLN só se pronunciou em janeiro passado para expressar suas condolências pela morte do bispo emérito Samuel Ruiz, que por anos foi o titular da diocese de San Cristóbal de las Casas, na região de influência deste movimento no estado de Chiapas (sul).
O EZLN tomou armas neste estado fronteiriço com a Guatemala e de predominante população indígena e camponesa em 1; de janeiro de 1994, justamente quando entrava em vigor o Tratado de Livre Comércio firmado pelo México com os Estados Unidos e o Canadá.