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Regime iraniano convoca comício contra a revolta popular

Agência France-Presse
postado em 16/02/2011 12:26
TEERÃ - O regime islâmico iraniano convocou um comício na sexta-feira contra os "chefes da sedição", em referência aos líderes opositores denunciados pelas autoridades após as manifestações de segunda-feira,

O Conselho para a Coordenação da Propaganda Islâmica, que organiza as grandes manifestações populares do poder, anunciou em um comunicado esta manifestação "contra os chefes da sedição", os opositores Mir Hossein Moussavi e Mehdi Karoubi.

"A população de Teerã participará, depois da oração de sexta-feira, em uma importante manifestação", indicou um comunicado o Conselho.

Segundo o órgão, os manifestantes "expressarão sua ira e seu ódio pelos crimes selvagens e repugnantes dos chefes da sedição e seus aliados hipócritas (ou seja, o principal grupo opositor armado, os Mujahedines do Povo, NR) e monarquistas", acrescenta o comunicado.

Mir Hossein Moussavi e Mehdi Karoubi, por sua vez, pediram ao governo que "ouça o povo", em declarações publicadas nesta quarta-feira por vários sites opositores.

"Eu os alerto, abram os ouvidos antes que seja tarde demais, e ouçam a voz do povo", afirmou o ex-presidente reformador do parlamento, Mehdi Karoubi, em carta publicada em seu site Sahamnews.org.

"As ações violentas e a hostilidade ante as exigências da população só podem ajudar a manter a situação atual durante certo tempo. Aprendam a lição do destino dos poderes que se afastaram do povo", acrescentou Karoubi, em referência às recentes revoltas no Egito e na Tunísia.

Karoubi e o ex-primeiro-ministro Mir Hossein Moussavi se encontram sob prisão domiciliar de fato desde as manifestações de segunda.

Em uma carta em separado, publicada no site Kaleme.com, Mussavi criticou as autoridades e manifestou sua satisfação pelas manifestações de segunda-feira. "A manifestação gloriosa de 25 Bahman (14 de fevereiro) é um grande êxito do povo e do Movimento Verde", escreveu.

Milhares e pessoas desafiaram a proibição governamental de participar em uma manifestação em Teerã, na segunda-feira, convocada por Moussavi e Karoubi, lançando consignas hostis ao poder.

Foram registrados dois mortos e vários feridos a bala. Inúmeros manifestantes foram presos pelas forças de ordem.

Incidentes também foram registrados nesta quarta-feira durante o funeral de uma das vítimas das manifestações.

"Alguns incidentes afetaram estudantes e outras pessoas que participavam no funeral do mártir Sanee Jaleh na Universidade de Artes de Teerã", afirmou o site da emissora, que atribui os problemas a "um pequeno número de pessoas aparentemente vinculadas ao movimento de sedição" (como o governo chama a oposição).

De acordo com o canal, os defensores do poder forçaram a retirada dos opositores.

Na véspera, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que os "inimigos que planejaram protestos antigoverno vão fracassar".

"Está claro e evidente que a nação iraniana tem inimigos porque é um país que quer brilhar e alcançar seu pico, e quer mudar as relações (entre os países) no mundo", disse Ahmadinejad em entrevista ao vivo na emissora estatal.

"Claro que existe muito animosidade, mesmo contra o governo. Mas eles (os organizadores dos protestos) vão fracassar", disse, quando questionado sobre a reação aos protestos contra o governo que ocorreram nas ruas de Teerã na segunda-feira.

Durante uma sessão parlamentar realizada na terça-feira, deputados da maioria conservadora lançaram violentos ataques verbais contra os chefes da oposição.

Os deputados gritaram "morte aos Estados Unidos", "morte a Israel", mas também "morte a Moussavi, Karoubi e Khatami". Mohammad Khatami, ex-presidente reformista, apoia a oposição.

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