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Álvaro Uribe tinha relações conturbadas com Lula, revela Wikileaks

Agência France-Presse
postado em 17/02/2011 20:44

Bogotá - O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe mantinha "relações complicadas" com seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que em sua visão queria fazer uma aliança anti-americana na América Latina, segundo despachos diplomáticos confidenciais divulgados pelo Wikileaks.

Em uma reunião de 15 de dezembro de 2004 com o então embaixador em Bogotá, William Wood, e outros diplomatas, Uribe disse que sua relação com Lula tinha se complicado "devido a seus esforços para construir uma aliança anti-americana na América Latina", segundo um despacho do Departamento de Estado vazado nesta quinta-feira (17/2).

"Lula é mais pragmático e inteligente que (o presidente venezuelano, Hugo) Chávez, mas seu passado esquerdista e o espírito imperialista do Brasil o empurram a se opor aos Estados Unidos", afirma o texto.

Encontro

As discordâncias com o Brasil foram comentadas também em outro despacho diplomático de 5 de setembro de 2008, no qual é detalhada uma reunião entre o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, e da Colômbia, Juan Manuel Santos (hoje presidente), sobre a proposta de criar um Conselho de Segurança da América do Sul.

"Santos explicou a Jobim que seu governo temia que essa iniciativa soasse como uma ideia da Venezuela", afirmou o despacho do ex-embaixador William Brownfield.

"O governo da Colômbia não quer que suas forças armadas estejam submetidas a uma instituição cujos detalhes não compreendem, e também resistem em acompanhar um projeto que pode ser visto como uma tentativa de distanciar a região dos Estados Unidos", completou.

Jobim respondeu a Santos que a Colômbia corria o risco de ficar isolada, e que seu governo continuaria "com ou sem o apoio" da Colômbia. Diante disso, Brownfield recomendou contatar outros países da região que pudessem ter reticências para compor com eles uma causa comum.

Proposta
O Brasil propôs em 2008 o Conselho de Segurança Sul-Americano como uma instância para centralizar a produção, capacitação e consumo da defesa, e para tratar dos temas de defesa e evitar conflitos na região.

Em dezembro daquele ano, os países da União Sul-Americana das Nações (Unasul) criaram o Conselho de Defesa Sul-Americano.

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