Agência France-Presse
postado em 18/02/2011 18:28
ROMA - O chefe de governo italiano, Silvio Berlusconi, protagonista de um escândalo sexual sem precedentes, reuniu-se nesta sexta-feira com representantes do Vaticano no âmbito das comemorações anuais dos Acordos de Latrão de 1929.A tradicional celebração do acordo assinado há 81 anos, em 11 de fevereiro de 1929, pelo cardeal Pietro Gasparri e Benito Mussolini, com o qual se pôs fim ao longo conflito gerado pela ocupação da Itália por parte da Roma pontifícia, foi celebrada em um momento delicado para o questionado Berlusconi, que será julgado em abril por prostituição de menor e abuso de poder.
Há vários meses, os jornais italianos publicam revelações e conversas picantes entre as jovens que participaram de festas particulares do primeiro-ministro em sua luxuosa mansão de Milão, a Vila Arcore.
"Tudo está muito bem, como sempre", limitou-se a dizer Berlusconi, na saída de uma recepção na embaixada italiana em frente à Santa Sé, à qual compareceram autoridades dos dois Estados.
Segundo fontes do Vaticano, "a situação no Oriente Médio e dos cristãos nesta região" foram os temas abordados durante o encontro, enquanto o chanceler italiano, Franco Frattini, assegurou que foram abordados temas como o "testamento biológico".
Embora a influente Igreja Católica italiana tenha reconhecido oficialmente, na terça-feira passada, seu mal-estar pela proporção do escândalo sexual envolvendo o chefe de governo e tenha pedido à classe política que mantenha "sobriedade", "disciplina" e "honra", a instituição continua a apoiar o governo conservador de Berlusconi.
O controverso milionário e político, que tem se pronunciado alinhado à Igreja contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a eutanásia, as pesquisas com células-tronco e aprovou o financiamento público de colégios religiosos, não parece ter perdido, por enquanto, o apoio deste aliado chave.
Apesar disso, meios de comunicação católicos como Avvenire e a revista Famiglia Cristiana têm sido muito críticos com Berlusconi, que nega as acusações feitas contra ele e garante ser vítima de juízes politizados.
"A Igreja é muito pragmática e perdoa os pecados do homem", comentou um vaticanista.
Muitos católicos italianos temem, ainda, que sem Berlusconi emerja um setor muito mais laico e menos submisso.