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Manifestantes se apoderam de várias cidades líbias

Agência France-Presse
postado em 21/02/2011 13:27
TRÍPOLE - Os manifestantes assumiram o controle de várias cidades líbias nesta segunda-feira, após seis dias de uma rebelião que deixou centenas de mortos em um país que, segundo o filho do dirigente Muamar Kadhafi, está à beira da guerra civil.

Os seis dias de rebelião provocaram atritos na cúpula do regime: o ministro da Justiça, Mustafah Abdel Yalil, renunciou ao cargo para protestar contra o uso excessivo da força na repressão dos protestos, depois que três diplomatas líbios no exterior fizeram o mesmo desde domingo.

A Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH) informou que Benghazi (a segunda maior cidade líbia) e Syrta, ambas no leste do país, "caíram" nas mãos dos manifestantes e que militares se uniram ao movimento.

Mas testemunhas desmentira a queda de Syrta.

Saif al-Islam, filho de Kadhafi, reconheceu em um discurso feito durante a madrugada que em Benghazi "os tanques se deslocam conduzidos por civis" e que em Al-Baida (leste) "as pessoas têm fuzis e depósitos de munições foram saqueados".

Os policiais de Zauia (60 km ao oeste de Trípoli) desertaram no domingo e a cidade entrou em colapso, segundo tunisianos que fugiram do país.

A FIDH, com sede em Paris, calculou entre 300 e 400 o número de mortos desde o início da rebelião, com base em dados de organizações de defesa dos direitos humanos líbias.

Outra ONG, a Human Rights Watch (HRW, com sede em Nova York), calculou em 233 o número de mortos em seis dias de protestos contra o regime de Kadhafi, no poder há 42 anos.

Os distúrbios chegaram no domingo à capital, onde a multidão saqueou durante a noite o prédio do canal televisão Al-Jamahiriya 2 e da rádio Al-Shababia, ambas públicas.

A programação dos veículos, interrompida durante a noite, foi retomada nesta segunda-feira.

Testemunhas também informaram incêndios em delegacias, escritórios de comitês revolucionários (ligados ao regime) e uma área de reuniões oficiais no centro da cidade, onde foram ouvidos intensos tiroteios.

"A Líbia está em uma encruzilhada", declarou Saif al-Islam em discurso exibido na televisão.

O filho de Kadhafi acusou a imprensa estrangeira de exagerar o número de vítimas - que calculou em 84 -, mas disse que se os líbios não chegarem a um acordo serão "milhares (de mortos) e rios de sangue em toda Líbia".

"Dirijo-me a vocês pela última vez antes de recorrer às armas", acrescentou, antes de advertir que a "Líbia não é a Tunísia nem o Egito", em referência às revoluções que provocaram as quedas de longevos regimes autoritários neste país.

Segundo Saif al-Islam, os enfrentamentos são provocados por elementos líbios e estrangeiros que pretendem destruir a unidade do país e instaurar uma república islâmica.

Kadhafi não fez nenhum pronunciamento público desde o início dos protestos, mas o filho afirmou que o chefe do regime "comanda a batalha" em Trípoli.

Pelo menos três diplomatas líbios no exterior renunciaram para expressar oposição à violenta repressão: o embaixador na Índia, Ali al-Isawi, um diplomata credenciado na China, Hussein Sadiq al-Musrati, e o representante de Trípoli na Liga Árabe, Abdel Moneim al Honi.

A situação na Líbia, grande produtor de petróleo, aumentou o temor sobre o abastecimento de energia. O barril de Brent do Mar do Norte chegou a ser negociado nesta segunda-feira a 105 dólares, recorde desde setembro de 2008.

Vários países ocidentais se preparam para retirar seus cidadãos da Líbia, assim como empresas, como a gigante do petróleo BP.

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