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Itália teme "êxodo bíblico" procedente da Líbia

Agência France-Presse
postado em 23/02/2011 09:43
MILÃO - O ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, teme um "êxodo bíblico" de imigrantes procedentes da Líbia, além de considerar impossível imaginar o futuro no caso de queda do regime de Muamar Kadhafi em consequência da revolta popular.

"Isto seria um êxodo bíblico, um problema que nenhum italiano pode nem deve subestimar", advertiu Frattini em entrevista ao jornal Corriere della Sera.

"Sabemos o que nos espera quando o regime líbio cair: uma onda de 200.000 a 300.000 imigrantes. Dez vezes mais que o fenômeno albanês dos anos 90", afirmou, antes de destacar que estas são estimativas ;otimistas;.

Segundo o chanceler italiano, os imigrantes que tentariam entrar na Itália e na Europa não seriam líbios e sim subsaarianos, que constituem um terço da população da Líbia.

"É impossível imaginar o que acontecerá na Líbia depois da queda de Kadhafi", disse.

"O problema da Líbia é que, fora Kadhafi, não conhecemos mais ninguém. Nenhum político e nenhum partido. E atualmente é impossível imaginar um futuro depois dele", completou.

A "natureza enigmática" da Líbia impede todo o mundo, inclusive os "países irmãos" da Líbia como Itália, Espanha, Portugal, Malta e Chipre, de fazer o mesmo tipo de raciocínio que para os outros países da África do Norte que também são sacudidos pelas revoltas, destacou Frattini.

A Líbia anunciou um balanço de 300 mortos desde 15 de fevereiro, quando começou a revolta popular sem precedentes nos quase 42 anos de regime de Kadhafi e que este prometeu esmagar, apelando para uma mobilização de seus partidários nesta quarta-feira.

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