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Altos dirigentes líbios abandonam Kadhafi

Agência France-Presse
postado em 23/02/2011 10:43
TRÍPOLI - Altos dirigentes líbios, ministros, diplomatas e militares renunciaram ou desertaram do regime do general Muamar Kadhafi para expressar sua oposição à violenta repressão contra os manifestantes contrários ao poder.

GOVERNO - O ministro da Justiça, Mustafah Abdel Jalil, demitiu-se para "protestar contra o uso excessivo da força" contra os manifestantes, informou na segunda-feira o jornal líbio Quryna.

- O ministro do Interior, Abdel Fatah Yunes, renunciou em solidaridade à "revolução". "Anuncio minha renúncia a todas as minhas funções em resposta à revolução", afirmou o ministro usando uniforme militar, segundo imagens divulgadas na noite de terça-feira pelo canal Al Jazeera.

LIGA ÁRABE - O representante permanente da Líbia na Liga Árabe há mais de uma década, Abdel Moneim al Honi, anunciou sua demissão para unir-se à "revolução e protestar contra os atos de repressão e violência".

NAÇÔES UNIDAS - Membros da equipe diplomática líbia, encabeçados pelo embaixador adjunto da Líbia na ONU, Ibrahim Dabbashi, pediram ao exército líbio que derrube Muamar Kadhafi, um "tirano" e "genocida".

MILITARES - Dois caças líbios pousaram na segunda-feira no aeroporto de Valletta (Malta). Os dois pilotos afirmam ter desertado depois de receber ordens de disparar contra os manifestantes em Benghazi.

EMBAIXADAS -

- O embaixador da Líbia nos Estados Unidos, Ali Aujali, anunciou nesta terça-feira que se nega a servir a um "regime ditadorial", pedindo abertamente a renúncia do líder Muamar Kadhafi, em entrevista à rede americana ABC.

- Na Índia, o embaixador Ali Isawi declarou à BBC que havia se demitido por não concordar com a violência "massiva" e "inaceitável" contra a população civil em seu país. Também acusou o regime de Kadhafi de "recorrer a mercenários estrangeiros".

- Em Daca, o secretário de Estado de Relações Exteriores de Bangladesh informou ter recebido uma nota da embaixada da Líbia, informando sobre a demissão do embaixador Ahmed A. H. Elimam.

- Na Austrália, a embaixada líbia rompeu relações com o regime, segundo o jornal "The Australian". "Representamos o povo líbio, mas não representamos mais o regime líbio", declarou o adido cultural Omran Zwed.

- Na Malásia, o embaixador condenou o "massacre" de civis e retirou seu apoio ao chefe de Estado. "Já não somos leais a ele (Kadhafi), somos leais ao povo líbio", declarou à AFP o embaixador Bubaker al Mansori. Cerca de 200 líbios protestaram diante da embaixada líbia no país asiático.

- Na China, um diplomata pediu demissão e disse que todo o corpo diplomático líbio deveria fazer o mesmo, segundo a Al-Jazeera.

- No Marrocos, um diplomata que trabalhava no serviço de imprensa da embaixada em Rabat entregou o cargo para protestar contra "o extermínio diário do povo" líbio.

- Na Indonésia, o embaixador líbio, Salaheddin M. El Bishari, anunciou sua demissão porque não pode "tolerar" que o regime de Muamar Kadhafi mate civis, em uma entrevista publicada nesta quarta-feira por um jornal de Jacarta.

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