Agência France-Presse
postado em 23/02/2011 10:52
TRÍPOLI - O líder líbio Muamar Kadhafi se encontra nesta quarta-feira (23/2) sitiado por uma rebelião que assumiu o controle da província de Cyrenaica (leste) e pela pressão internacional para que desista de cumprir sua ameaça de destruir seus opositores como se fossem ratos."Cyrenaica não está mais sob controle do governo líbio e há confrontos e violência em todo o país", declarou o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, que pediu o fim imediato do "horrível banho de sangue" por parte do governo Khadafi.
A Líbia anunciou um balanço de 300 mortos na onda de violência que afeta o país desde 15 de fevereiro, quando teve início um movimento de revolta popular sem precedentes que exige o fim do regime de Kadhafi.
Mas o ditador líbio, no poder há 42 anos, prometeu esmagar a revolta de forma implacável.
"Morrerei como um mártir na terra de meus ancestrais", afirmou.
"Lutarei até a última gota de meu sangue", afirmou ainda, acrescentando que ordenou ao Exército e à polícia controlarem a situação no país.
"Capturem os ratos. Tirem-nos de suas casas e acabem com eles, onde quer que estejam", afirmou ainda.
No entender de Kadhafi, os manifestantes armados são passíveis da pena de morte.
Kadhafi também convocou seus partidários a se manifestarem na quarta-feira:
"O povo líbio está comigo", sentenciou.
O Conselho de Segurança da ONU, por sua vez, condenou na terça-feira os ataques das forças leais ao líder líbio e pediu o "fim imediato da violência" na Líbia.
Os membros do Conselho também pediram ajuda internacional para o povo da Líbia e "destacaram a necessidade de o governo líbio respeitar o direito de reunião e de expressão, incluindo a liberdade de imprensa.
Kadhafi também enfrenta uma onda de renúncia de diplomatas e dirigentes de seu regime.
O embaixador da Líbia na Indonésia, Salaheddin M. El Bishari, anunciou sua demissão por não tolerar que o regime de Muamar Kadhafi mate civis, em uma entrevista publicada por um jornal de Jacarta.
O ministro líbio do Interior, Abdel Fatah Yunes, declarou sua adesão à causa do povo, que pede a saída de Muamar Kadhafi, segundo imagens divulgadas nesta terça-feira à noite pela rede de televisão Al-Jazeera.
Já o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediu à União Europeia (UE) a adoção rápida de sanções concretas contra a Líbia e a análise de uma possível suspensão das relações econômicas, comerciais e financeiras com Trípoli.
O chanceler italiano Franco Frattini, por sua vez, disse temer um "êxodo bíblico" de imigrantes procedentes da Líbia, além de considerar impossível imaginar o futuro no caso de queda do regime de Muamar Kadhafi em consequência da revolta popular.
"Sabemos o que nos espera quando o regime líbio cair: uma onda de 200.000 a 300.000 imigrantes. Dez vezes mais que o fenômeno albanês dos anos 90", afirmou, antes de destacar que estas são estimativas ;otimistas;.