Agência France-Presse
postado em 23/02/2011 12:19
MANAMA - Os manifestantes seguiam mobilizados nesta quarta-feira (23/2) em Bahrein para pedir reformas à monarquia sunita, apesar da libertação de 23 opositores xiitas, no mesmo dia em que o monarca Hamad ben Isa Al-Khalifa viajou à Arábia Saudita para uma reunião com o rei Abdullah.Em Manama, na Praça da Pérola, que se tornou o epicentro da revolta, os manifestantes, em sua maioria xiitas, voltaram a gritar frases de unidade como "Todos somos irmãos, sunitas e xiitas" e "Não abandonaremos o país".
"Não nos deixaremos humilhar", afirmou uma ativista, um dia depois de um protesto no centro da capital em memória de sete manifestantes xiitas mortos na repressão que marcou o início da revolta, em 14 de fevereiro.
Depois dos distúrbios de terça-feira, as forças de segurança deixaram o centro da cidade e nenhum policial estava na área nesta quarta-feira, em um sinal do desejo de apaziguamento das autoridades com a oposição.
A libertação de 23 ativistas xiitas, acusados de crimes "terroristas", indultados pelo rei, é uma resposta, segundo o monarca, ao pedido de clemência dos manifestantes.
"Agora que todos podem dar sua opinião, nós acreditamos que as praças públicas não são o melhor lugar para que as pessoas se manifestem", declarou o rei em um comunicado divulgado pela agência oficial BNA.
"O que é justo é sentar à mesa de diálogo nacional, como propôs o príncipe herdeiro, com meu apoio", completou, em referência aos esforços do príncipe Salman ben Hamad Al-Khalifa para abrir negociações com a oposição.
O rei Hamad ben Isa al-Khalifa viajou nesta quarta-feira à Arábia Saudita, onde Abdullah anunciou uma série de medidas sociais que beneficiarão sobretudo funcionários públicos, estudantes e obtenção de créditos, por ocasião de seu retorno ao país depois de meses de ausência para fazer um tratamento de saúde.
O rei Abdullah anunciou pleno apoio ao regime de Bahrein e criticou a interferência externa nos assuntos do país.
Os 23 homens libertados nesta quarta-feira eram acusados desde outubro de formação de uma "organização ilegal", "recorrer ao "terrorismo", além de "financiamento de atividades terroristas e propagação de informações falsas e tendenciosas".
Entre os detidos liberados figura Abdeljalil al-Singace, dirigente do grupo de oposição Haq, e o xeque Mohamed al-Moqdad, um religioso xiita.
Todos os acusados se declararam inocentes e afirmaram que foram torturados.