Agência France-Presse
postado em 24/02/2011 12:06
HAVANA - O líder cubano Fidel Castro denunciou nesta quinta-feira (24/2) que os Estados Unidos e a Otan fazem uma "dança macabra de cinismo" ao incentivar uma guerra civil na Líbia, em busca do controle do petróleo."Nada teria de estranho a intervenção militar na Líbia, com o que, além disso, garantiria à Europa quase dois milhões de barris diários do petróleo leve", indica Fidel, em seu segundo artigo sobre o tema.
Essa intervenção militar pode acontecer "se antes não ocorrerem fatos que ponham fim à chefatura ou à vida de (líder líbio Muamar) Gaddafi (Kadhafi)", alertou.
Para Fidel, que conheceu pessoalmente Kadhafi quando visitou a Líbia em maio de 2001, o que acontece nesse país é uma guerra civil na qual "ninguém no mundo jamais ficará de acordo com a morte de civis indefesos".
"A política de saque promovida pelos Estados Unidos e seus aliados da Otan no Oriente Médio entrou em crise", afirmou ainda.
Segundo ele, o papel do presidente Barack Obama nesta crise é "bastante complicado".
"Qual será a reação do mundo árabe e muçulmano se o sangue nesse país for derramado em abundância com essa aventura? Deterá uma intervenção da Otan na Líbia a onda revolucionária desatada no Egito?", questiona Fidel.
Na terça-feira, Fidel advertiu que os Estados Unidos não hesitarão em ordenar que a Otan invada a Líbia para controlar o petróleo e colocou em dúvida a veracidade das informações que descrevem uma sangrenta repressão ordenada pelo governo Kadhafi.
"Para mim é claramente evidente que o governo dos Estados Unidos não se preocupa em absoluto com a paz na Líbia, e não vacilará em dar à Otan a ordem de invadir este rico país, talvez em questão de horas ou em alguns dias", escreveu o líder cubano em mais um artigo de opinião.
Fidel diz ainda que é preciso esperar para saber "o quanto há de verdade ou mentira" nas informações sobre os acontecimentos na Líbia, onde, segundo as ONGs, entre 200 e 400 pessoas teriam morrido nos últimos dias nas repressão do regime Kadhafi.
Fidel classificou ainda de "mentira com pérfidas intenções" a versão que circulou sobre uma possível fuga de Kadhafi para a Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, mantém relações com a Líbia.