Washigton - Os Estados Unidos endureceram o tom nesta quinta-feira (24/2) contra o regime de Muamar Kadafi, apressando-se, ao mesmo tempo, em evacuar os americanos ainda presentes na Líbia.
Washington, assim como Paris, desejam que a Líbia seja expulsa do Conselho dos Direitos do Homem da ONU, como forma de punir a violência da repressão a manifestações no país, segundo o Departamento de Estado.
A decisão, que deve ser debatida nesta sexta-feira em Genebra é a primeira medida concreta de represália mantida pelo governo Obama.
O porta-voz da diplomacia americana, Philip Crowley, informou que uma decisão será tomada "rapidamente" sobre eventuais sanções diretas, bilaterais ou multilaterais, contra o regime do coronel Kadhafi.
O exército americano, acrescentou, "está totalmente envolvido nas discussões".
Segundo um dirigente americano que preferiu não divulgar o nome, Washington apoiará também a criação de uma comissão de investigação sobre a Líbia no Conselho dos Direitos Humanos.
A secretária de Estado, Hillary Clinton, participará, na segunda-feira, 28 de fevereiro, de uma reunião desta instância, em nível ministerial, em Genebra.
A Casa Branca anunciou, além disso, que os Estados Unidos e o mundo têm condições de superar uma eventual ruptura de abastecimento em petróleo ligada à crise na Líbia.
Em Paris, a presidência francesa divulgou um comunicado segundo o qual Barack Obama e Nicolas Sarkozy "exigem" juntos "o fim imediato do uso da força" na Líbia.
O governo não cortou relações com o regime líbio - William Burns, o diretor político do Departamento de Estado, conversou hoje duas vezes por telefone com o ministro líbio Mussa Kussa. Mas sempre levando em conta a cooperação com os aliados.
Além de Nicolas Sarkozy, Obama telefonou, também, para o primeiro-ministro britânico Gordon Brown.
William Burns, por sua vez, viajou à Argélia, após uma etapa no Cairo. Está sendo esperado agora à noite em Roma, para uma visita a um país que mantém ligações estreitas com a Líbia.
A diplomacia americana, que não falou diretamente com Muamar Kadhafi, conta com estes diferentes parceiros para transmitir suas mensagens.
Segundo uma fonte americana, o dirigente líbio repete pelos canais diplomáticos o que ele disse em áudio nesta quinta-feira: os manifestantes em Trípoli, Benghazi e em outros locais na Líbia seriam teleguiados pela rede Al-Qaeda.
"Não interpretamos os acontecimentos desta forma", destacou a fonte.
Paralelamente, os Estados Unidos continuam a organizar a partida de seus cidadãos presentes na Líbia.
Um ferry fretado pelo Departamento de Estado está no cais em Trípoli há mais de 24 horas, bloqueado pelo mau tempo que o impede de seguir para Malta.
Fuga
Pelo menos 300 pessoas, entre elas 118 não americanos, puderam embarcar a bordo nesta quarta-feira, após cansativas formalidades alfandegárias. O navio aguarda a melhoria do tempo melhore para zarpar, disse Crowley.
A bordo estão membros das forças americanas, enquanto que o porto está em mãos "das autoridades líbias".
Ouvido a respeito, um funcionário americano de alto escalão disse afastar a priori o risco de que os passageiros do navio possam ser retidos pelo regime Kadhafi.
Mas Crowley admitiu, no entanto, que a situação no país era "imprevisível" e "instável". "Avaliamos cuidadosamente os acontecimentos", garantiu.