Agência France-Presse
postado em 24/02/2011 20:12
A construtora brasileira Odebrecht começou nesta quinta-feira (24/2) a retirar mais de 3 mil funcionários da Líbia, dos quais cerca de 200 brasileiros. Ao mesmo tempo o embaixador líbio em Brasília, Salem Ezubedi, declarou apoio ao regime de Muamar Kadafi e justificou o uso da violência."Várias pessoas pediram que renunciasse ao meu cargo", disse o embaixador em Brasília em um discurso para jornalistas, no qual informou que preferiu "representar" seu país.
Defesa Nacional
Salem disse ainda que seu governo recorreu à violência como medida de defesa nacional, assim como os Estados Unidos invadiram o Iraque anos atrás. A rede terrorista "Al-Qaeda quer formar um centro de mobilidade no leste da Líbia para atacar a Europa", disse.
O embaixador também transmitiu mensagem de "tranquilidade aos cidadãos brasileiros" que vivem na Líbia.
Mais tarde, a chancelaria informou à AFP que "a maioria dos brasileiros que estavam em Trípoli aguardando o momento de sair já foi retirada por via aérea, mediante aeronaves fretadas por empresas brasileiras. Só sobraram empregados para dar suporte a outros brasileiros ou vigiar instalações".
Ao mesmo tempo, acrescentou a fonte da chancelaria, "um navio já está em frente à cidade de Benghazi, esperando autorização para atracar e resgatar vários estrangeiros, incluindo 148 brasileiros".
Retirada
A construtora brasileira Odebrecht informou em um comunicado que estava evacuando nesta quinta-feira cerca de 3, 2 mil trabalhadores do país, de diversas nacionalidades. Um total de 446 funcionários e familiares, dos quais 107 brasileiros, já chegaram a Malta em um avião fretado nesta quinta-feira.
O avião deveria fazer outros dois voos com 900 pessoas durante o dia e um barco para 2 mil pessoas atracaria na capital.
A Odebrecht tinha 5 mil trabalhadores expatriados na Líbia, uma parte dos quais saiu do país na semana passada, informou a companhia, que tem dois grandes projetos em Trípoli: o aeroporto internacional e o anel rodoviário.
Alguns funcionários da Petrobras também já deixaram o país junto com os da Odebrecht, informou a companhia. Outros da construtora Andrade Guterres também estavam saindo.
A construtora Queiroz Galvão informou que com a ajuda da chancelaria tentava tirar 130 funcionários brasileiros de Benghazi, um dos epicentros dos protestos dos últimos dias.
Vivem na Líbia entre 500 e 600 cidadãos brasileiros, segundo o governo.
Segundo ONGs, mais de 600 pessoas morreram na Líbia pela repressão dos protestos contra Kadafi, que está no poder há 42 anos.