Godollo (Hungria)- A Otan e a Europa pressionaram o regime de Muamar Kadafi nesta sexta-feira (25/2), unindo forças para resgatar estrangeiros na Líbia, ao mesmo tempo em que líderes europeus defendem o estabelecimento de uma zona aérea restrita sobre o país.
O comandante da Otan, Anders Fogh Rasmussen, encontrou os ministros europeus da Defesa em Godollo, Hungria, para discutir um amplo esforço de evacuação de estrangeiros.
Sanções
Já em Bruxelas, o bloco de 27 nações concordou em embargar o envio de armamentos, congelar bens e banir a venda de equipamentos de segurança utilizados contra manifestantes.
A expectativa é que as sanções entrem em vigor em alguns dias, informaram fontes diplomáticas à AFP.
As fontes recusaram-se a dizer, no entanto, quem e quantos líbios são alvos, "para evitar uma fuga de recursos". Em Washington, o Departamento de Tesouro alertou os bancos para que fiquem vigilantes em relação a transferências ligadas a líderes políticos da Líbia, em meio a movimentações internacionais no sentido de sancionar o regime de Kadafi.
Intervenção
Questionado sobre se uma intervenção militar era uma opção, Rasmussen disse: "não quero entrar em detalhes. A prioridade é a retirada das pessoas e também a ajuda humanitária".
Governos do mundo todo vêm tentando retirar milhares de seus cidadãos na Líbia, em meio a temores de uma possível guerra civil.
Em torno de 3,6 mil europeus estavam na Líbia pelo que diversos países do continente, incluindo Reino Unido, Alemanha e Grécia, mobilizaram aviões e navios para retirar seus cidadãos, de acordo com a União Europeia.
A UE informou estar pronta para agir como coordenadora para ajudar membros do bloco com as retiradas, afirmou Rasmussen, chamando a ação de um "grande desafio".
"Essa crise na nossa vizinhança afeta cidadãos líbios e muitos aliados da Otan", disse.
Encontro
No encontro dos ministros da Defesa europeus em um palácio do século XVIII em Godollo, arredores de Budapeste, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, afirmou que era hora de "colocar o máximo de pressão possível para tentar interromper a violência na Líbia".
Ashton afirmou que os Estados Unidos e países da Europa discutiram a possibilidade de impôr uma zona aérea restrita sobre a Líbia, para evitar que as forças de Kadhafi bombardeassem manifestantes.
Os governos europeus estão criando "planos de contingência" para ajudar a policiar o espaço aéreo da Líbia, mas "a UE precisa primeiro de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU", informou um diplomata europeu que não quis se identificar.
Rasmussen informou que a Otan não discutiu a ideia de uma zona aérea restrita, mas também enfatizou que primeiro seria necessária uma resolução da ONU.
O Secretário de Defesa americano, Robert Gates, afirmou nesta quarta-feira que França e Itália seriam os melhores países para garantir essa zona aérea sobre a Líbia. Mas o ministro da Defesa francês, Alain Juppé, disse que tal ação precisa ser tomada coletivamente.