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Crise na Líbia pode caminhar para guerra civil, diz professor

postado em 25/02/2011 15:52
O agravamento da crise na Líbia gera dois cenários possíveis: um que é o de guerra civil e outro, o da vitória da oposição impondo novas regras no país. Mas a tendência é que o processo de resistência de cada um dos lados ainda perdure algum tempo. Independentemente do que ocorrer na Líbia, a onda de protestos, que começou na Tunísia e passou por vários países, deve chegar até a China, na Ásia, podendo gerar mudanças naquela região. A conclusão é do professor do curso de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e doutorando em administração pública e governo pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Heni Ozi Cukier. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, Cukier analisou a situação não só na Líbia, como nos demais países muçulmanos. Cukier considera improvável que a comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos e alguns países europeus, aprovem a intervenção direta na Líbia. Segundo ele, o envio de homens para a região poderia ser usado politicamente pelo presidente líbio, Muamar Kadafi, fortalecendo-o politicamente. O professor advertiu que não há estrutura nos países do Norte da África e Oriente Médio, que enfrentam as manifestações, para impor uma nova ordem democrática. %u201CNós estamos caminhando para uma guerra civil da qual o país participará ou irá se dividir em dois. De um lado, um grupo no Leste [e de outro lado], outro no Oeste. O grupo do Khadafi controla a capital, que tem dado indicações que irá lutar até o fim%u201D, disse Cukier. O professor comparou o perfil de Khadafi ao do ex-presidente do Iraque Saddam Hussein %u2013 morto em 2006 depois de receber sentença de morte por ordem do Tribunal Especial do Iraque, sob coordenação dos Estados Unidos. Segundo ele, o perfil do líder líbio é %u201Csanguinário%u201D e %u201Cviolento%u201D, o que demonstra que Khadafi vai resistir %u201Caté o final%u201D. %u201CEle [Kadafi] é um dos líderes mais sanguinários e violentos da região, muito mais violento que [Hosni] Mubarak [ex-presidente do Egito que renunciou dia 11 de fevereiro], Ben Ali [ex-presidente da Tunísia que renunciou dia 14 de janeiro], sendo que estes dois já caíram. A gente poderia dizer que ele está mais próximo do Saddam Hussein, e não vai entregar esse jogo facilmente%u201D, analisou o professor. Cukier acredita que Kadafi ainda tem cartas na manga. %u201CEle [Kadafi] vai usar muita força ainda. Os manifestantes vão ter que ter muita disposição, e [têm que estar] dispostos a correr mais riscos, a morrer inclusive para que consigam, no final, alcançar uma vitória%u201D. Segundo Cukier, a comunidade internacional deve atuar para colaborar com os países que passam por este período de instabilidade, para a instalação de instituições democráticas. %u201CA ideia de trazer democracia é muito bem vista por todos, mas esses países não têm instituições preparadas para absorver essa transformação%u201D, observou. Ao ser peguntado sobre as perspectivas de extensão das manifestações para outras regiões, além do Norte da África e do Oriente Médio, o professor confirmou que há receio por parte de alguns governos, como o da China. %u201CAcho que isso já está acontecendo na China. O governo chinês já censurou a internet, que não está aceitando buscas com nenhum assunto relacionado à Tunísia, ao Egito e à revolta no mundo árabe, para não instigar grupos opositores dentro da China%u201D, disse Cukier. %u201CAlém de seu poder econômico, a China é uma das maiores ditaduras de todas, um regime totalitário num país de mais de 1 bilhão de pessoas, que, até hoje, se manteve no poder graças a uma performance econômica melhor.%u201D

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