Agência France-Presse
postado em 26/02/2011 20:31
Nova York ; O Conselho de Segurança das Nações Unidas analisava neste sábado (26/2) uma série de medidas contra o regime líbio, incluindo acusar o coronel Muammar Kadafi por crimes contra a humanidade na Corte Penal Internacional (CPI).Um projeto de resolução discutido pelos 15 membros do conselho destaca que "os ataques sistemáticos que ocorrem atualmente na Líbia contra a população civil podem equivaler a crimes contra a humanidade".
Diante disso, o conselho "decide denunciar a situação na Líbia, desde 15 de fevereiro de 2011, ao promotor da Corte Penal Internacional", e pede a Trípoli a plena cooperação com a CPI, com sede em Haia, destaca um rascunho do projeto de resolução.
A ideia de pedir à CPI que investigue os possíveis crimes contra a humanidade não tinha apoio unânime, encontrando reticências nos diplomatas de Brasil, China, Rússia, África do Sul, Índia e Portugal.
O embaixador da Líbia na ONU, Abdurrahman Shalgam, que na sexta-feira abandonou o regime de Muammar Kadhafi, enviou hoje uma carta ao Conselho de Segurança para apoiar o recurso à Corte Penal Internacional.
O projeto de resolução analisado hoje prevê ainda o embargo sobre a venda de armas à Líbia, a proibição de viagens do coronel Kadhafi e o congelamento dos bens do líder líbio, de seus familiares e de vários comandantes militares e ministros do atual regime.
O embargo sobre as armas inclui todo tipo de munição e assistência militar à Líbia.
O projeto de resolução prevê ainda a adoção de medidas "para garantir uma assistência humanitária rápida e segura aos necessitados".
"Me surpreendeu que exista tal consenso de pontos de vista entre os membros do Conselho. É um terremoto. Alguma coisa acontece, não apenas no mundo árabe, mas nessa organização", afirmou o embaixador francês na ONU, Gérard Araud.
"A atmosfera no conselho mudou completamente. Ontem havia uma comunidade total de pontos de vista no Conselho em relação às sanções", disse.
Após discutir a crise líbia na sexta-feira, o Conselho de Segurança retomou suas consultas hoje pouco antes das 12h locais (14h de Brasília).