Agência France-Presse
postado em 27/02/2011 15:17
Sanaa - O presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, pressionado por manifestações, acusou neste domingo (27/2) a oposição de tentar dividir o país e disse que defenderá seu "regime republicano" até a "última gota de sangue"."Nossa nação passa há quatro anos por enormes dificuldades (...) e tentamos fazer frente a elas por meios democráticos e com o diálogo com todos os líderes políticos, mas em vão", disse Saleh no sábado à noite diante dos comandos das forças armadas e unidades de segurança.
"Há um complô contra a unidade e a integridade territorial da república iemenita e nós, nas forças armadas, juramos preservar o regime republicano, a unidade e a integralidade territorial do Iêmen até a última gota de sangue", completou.
"Este juramento ainda é válido e continuará sendo", afirmou o presidente, que teve de fazer equilibrismos entre os interesses antagônicos deste país instável para se manter no poder durante 32 anos.
A revolta popular, que explodiu em 27 de janeiro e foi duramente reprimida, atrava as dificuldades do Iêmen, um país pobre e tribal da península arábica.
O poder de Saleh é questionado pela Al-Qaeda, muito presente no sudeste do país, pelos separatistas que querem reestabelecer um Estado independente no sul e pela rebelião de zaiditas (xiitas) no norte.
Além disso, a oposição parlamentar somou-se ao movimento de protesto, assim como os chefes de poderosas tribos, com os quais o presidente Saleh contava para se manter no poder.
Em seu próprio partido, o Congresso Popular Geral, as deserções aumentam à medida que as manifestações ampliam-se.
Em seu discurso diante dos chefes militares e policiais, o presidente Saleh acusou a oposição de não levar a sério sua oferta de diálogo, os xiitas de querer "dividir o Iêmem" e os rebeldes de tentar reestabelecer o sistema monnárquico abolido em 1962.
O chefe de Estado reuniu seu comando militar e de segurança um dia depois de manifestações sangrentas em Aden, reprimidas pelo exército, deixando um saldo de quatro mortos, segundo fontes médicas. O Ministério da Defesa, no entanto, deu conta de três mortos e nega ter disparado contra os manifestantes.
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, ao menos 11 pessoas morreram na sexta-feira e 27 desde 16 de fevereiro.
No sábado à noite, houve mais protestos em Aden, e em Sanaa os estudantes continuam sua vigília em frente a uma universidade para exigir "a queda do regime". Em Taez, ao sul da capital, os manifestantes também acampam há mais de duas semanas em uma praça.
Em Mukala, capital da província de Hadramut (leste), cinco manifestantes ficaram feridos quando a polícia dispersou uma manifestação de estudantes.