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Iemenitas protestam e presidente Saleh critica Obama

Agência France-Presse
postado em 01/03/2011 12:21
SANAA - Uma grande manifestação ocupou nesta terça-feira (1;/3) o centro de Sanaa, a capital do Iêmen, convocada pela oposição, que exige a renúncia do presidente iemenita Ali Abdullah Saleh, que acusou Israel e Estados Unidos de "orquestrar" a revolta árabe.

Os manifestantes bloquearam três ruas que levam à Universidade de Sanaa, epicentro dos protestos na capital desde 27 de janeiro.

Dezenas de milhares de manifestantes participaram no protesto.

"O povo quer a queda do regime, o povo quer a saída de Ali Abdullah Saleh", gritavam os manifestantes.

Mas o presidente do Iêmen, que tem a renúncia exigida por manifestações de opositores quase diárias desde 27 de janeiro, acusou Israel e os Estados Unidos de "orquestrar" a revolta árabe.

"Os acontecimentos que agitam o mundo árabe, da Tunísia ao sultanato de Omã, são uma tempestade orquestrada a partir de Tel Aviv, sob a supervisão de Washington", afirmou Saleh, que governa o Iêmen há 32 anos.

Saleh acrescentou que os protestos no Iêmen são apenas "uma tentativa de imitar" as insurreições em outros países árabes.

"O Iêmen não é a Tunísia nem o Egito. O povo iemenita é diferente", completou.

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, advertiu nesta terça-feira o governo de Sanaa contra uma eventual repressão violenta das manifestações e disse que o povo tem o direito de expressar as críticas e demandas ao governo.

Ela pediu ao governo que proteja o direito dos manifestantes e dos jornalistas em respeito às leis internacionais.

Simpatizantes do regime organizaram uma manifestação de apoio a Saleh, convocada pelo partido Congresso Popular General (CPG).

O chefe de Estado iemenita, aliado chave dos Estados Unidos na luta contra a Al-Qaeda, enfrenta uma mobilização crescente, que reúne organizações da oposição e as tribos, que têm influência determinante neste país pobre da península arábica.

Segundo a Anistia Internacional, pelo menos 27 pessoas morreram nas manifestações.

A manifestação desta terça-feira é considerada a mais importante em Sanaa desde o início dos protestos contra o presidente Saleh, em 27 de janeiro.

O influente pregador Abdel Majid Zendani, que Washington considera suspeito de apoiar o terrorismo, discursou à multidão e disse que "apóia a reivindicação dos jovens".

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