BUENOS AIRES - A presidente argentina, Cristina Kirchner, anunciou nesta terça-feira que enviará ao Congresso um projeto de lei sobre a propriedade da terra, para evitar que seja explorada por investidores estrangeiros, ao falar em seu discurso de inauguração do ano legislativo e sobre a situação do país.
"Vamos enviar um projeto de lei de propriedade da terra, que se refere à ;estrangeirização; (sic). Mas (a iniciativa) deve ser inteligente o suficiente para que não tenha um efeito antiinvestidor", disse à Assembleia Legislativa, que reúne deputados e senadores.
O discurso, transmitido em rede nacional, foi interrompido várias vezes por militantes do peronismo kirchnerista, que cantavam "Borombombón, para Cristina a reeleição" - muito embora a candidatura dela ainda não tenha sido confirmada para as eleições presidenciais de 23 de outubro.
Milhares de manifestantes se concentraram ao redor do Palácio do Congresso com grandes cartazes e bandeiras em apoio à presidente. "A lei (de propriedade da terra) não deve ser nem xenófoba nem chauvinista (...). Não vamos inventar nada novo. O Brasil também está fazendo a mesma coisa", acrescentou a presidente, que em 2009 perdeu a maioria nas duas casas do parlamento, mas conseguiu reconstruí-la com novas alianças.
O Brasil colocou em prática em agosto do ano passado medidas que limitam a compra de terras por estrangeiros a um máximo de 5.000 hectares, levando em consideração a valorização dos produtos agrícolas e a crise mundial de alimentos.
A Argentina é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, com uma colheita de grãos estimada em 100 milhões de toneladas este ano.
A nação sul-americana é o primeiro exportador mundial de azeite de soja, o terceiro maior de grãos de soja, o segundo maior de milho e o quarto de trigo.