Agência France-Presse
postado em 04/03/2011 14:35
CAIRO - O novo primeiro-ministro egípcio Essam Sharaf discursou nesta sexta-feira para milhares de pessoas reunidas na simbólica praça Tahrir, centro do Cairo, comprometendo-se a satisfazer as exigências populares por mudanças democráticas."Estou aqui para buscar minha legitimidade junto a vocês (...). Farei tudo ao meu alcance para responder às reivindicações de vocês", acrescentou ante a multidão agitando bandeiras.
Sharaf foi constantemente interrompido aos gritos de "Estamos com você".
Mais cedo, uma fonte militar, afirmou que o referendo constitucional proposto por uma comissão de juristas egípcios será realizado em 19 de março em função da situação de segurança no país.
Na véspera, o Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito aceitou a renúncia do então primeiro-ministro Ahmed Shafiq, e anunciou sua substituição por Sharaf.
Sharaf, professor de Engenharia na Universidade do Cairo, assumiu o ministério dos Transportes em 2000, mas foi destituído do cargo em 2005 por divergências com o ex-premier Ahmad Nazif.
Sharaf participou nas manifestações da Praça Tahrir no Cairo, epicentro da revolta contra o regime de Mubarak, e por isto goza de grande popularidade entre os jovens partidários da democracia.
"Vamos dar um tempo a ele, mas continuaremos a pressionar por nossas reivindicações", afirmou um jovem, identificado como Ahmed Adel.
Dezenas de pessoas foram detidas durante as violentas manifestações que terminaram com a queda do presidente Hosni Mubarak. Pelo menos 384 pessoas foram mortas e mais de 6.000 ficaram feridas em 18 dias de revolta.
Sharaf prestou homenagem a todos os que tomaram parte no levantamento contra o governo Mubarak e saudou os "mártires da revolução".
A manifestação desta sexta-feira, para exigir novamente a saída do governo, transformou-se em celebração, após a demissão de Shafic.
Os manifestantes também diziam "o povo quer o fim da segurança do Estado", em referência a este setor muito temido do ministério do Interior, acusado por organizações de direitos humanos de abusos e tortura.
"Rezo para que o Egito seja um país livre e que seus serviços de segurança sejam colocados em benefício dos cidadãos", afirmou Sharaf.
"Levantem a cabeça bem alto, vocês são egípcios", disse também o primeiro-ministro à multidão, entre muitos aplausos.