Agência France-Presse
postado em 05/03/2011 08:43
PEQUIM - O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao reconheceu neste sábado, diante do Parlamento, o descontentamento popular na China, vinculado em particular à inflação, que deseja limitar a 4% em 2011, ao mesmo tempo que fixou a meta de crescimento de 8% para a segunda economia mundial."Alguns problemas que são objeto de reações iradas da população não foram resolvidos completamente", admitiu o chefe de Governo para 3.000 delegados da Assembleia Nacional Popular (ANP), reunidos durante 10 dias na capital chinesa.
"A pressão da inflação se acentuou e devemos considerar a estabilização dos preços como a prioridade de nossa política econômica", destacou Wen.
O objetivo para o índice de preços ao consumidor, que alcançou 4,9% em janeiro em ritmo anual, foi fixado em mais ou menos 4% para 2011, contra 3% ano passado, enquanto a meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi mantida em 8%.
O PIB da China se tornou o segundo maior do planeta em 2010, superando o Japão e atrás apenas dos Estados Unidos.
No ano passado, a inflação alcançou 3,3% e o crescimento do PIB 10,3%.
Wen Jiabao qualificou a alta dos preços e os temores da inflação como "problemas que afetam diretamente o nível de vida da população, a situação geral e a estabilidade do país".
No passado, a inflação provocou agitação social na China. A alta dos preços afeta em particular as classes desfavorecidas pela influência que tem no custo dos alimentos. Também reduz a renda dos chineses, que é elevada, mas mal distribuída.
Para 2011, o governo chinês "seguirá aplicando uma política de reativação", segundo Wen, mas com redução do déficit orçamentário, que deve ser mantido a mais ou menos 2% do PIB.
Os gastos prioritários serão destinados ao "desenvolvimento do mundo rural, a melhorar o nível da população e a desenvolver os setores sociais", segundo o discurso do chefe de Governo, que estabelece as grandes orientações oficiais do país para o ano em curso.
"Faltam recursos pedagógicos e médicos de qualidade, e sua distribuição continua sendo desigual", afirmou o premier.
"As contradições sociais provocadas pela requisição ilegal de terrenos e a demolição irregular de casas multiplicaram. A segurança alimentar deixa a desejar, enquanto certos setores são vulneráveis à corrupção", disse ainda Wen Jiabao, antes de destacar "um aumento excessivo dos preços do setor imobiliário em algumas cidades".
Apesar dos problemas, o primeiro-ministro insistiu no "avanço irresistível e firme" do povo chinês, que "tem boas razões para estar orgulhoso de suas realizações".
No plano internacional, a China se declarou "confrontada a uma situação extremamente problemática, vinculada à política monetária laxista dos países desenvolvidos e ao fluxo de capitais especulativos para os mercados emergentes, o que alimenta a inflação".
Por fim, para lutar contra a poluição e o aquecimento global, a China quer reduzir em 16% o consumo de energia por unidade do PIB e de 17% das emissões de CO2, também por unidade do PIB, durante o 12; plano quinquenal (2011-2015).
A Assembleia Nacional Popular (ANP) é o maior Parlamento do mundo e se limita no essencial a dar seu aval aos projetos do Partido Comunista e do governo.