Agência France-Presse
postado em 05/03/2011 09:34
SAN FRANCISCO - Associações judaicas e outras organizações estão em pé de guerra com uma tentativa de proibir a circuncisão em San Francisco (Califórnia), prática que pode ser submetida a um referendo.Lloyd Schofield, que se diz um "intactivista", começou a coletar assinaturas para concretizar uma iniciativa eleitoral que poderia criminalizar a circuncisão infantil na cidade californiana.
Schofield afirma ter obtido em apenas dois meses mais da metade das assinaturas necessárias (7.168) até o fim abril para que o tema seja levado à consulta em novembro.
Schofield e uma crescente comunidade de ativistas anti-circuncisão afirmam que as crianças não deveriam ser forçadas a participar em uma mutilação masculina culturalmente aceita que pode ser perigosa para a saúde e dimunuir a função sexual.
O grupo chega a comparar o procedimento à ablação feminina.
"É um assunto de direitos humanos. O que se faz é agarrar o menino e cortar a parte mais sensível do corpo", disse.
Organizações judaicas prometeram combater a medida caso seja incluída em uma consulta popular. O diretor da Liga Antidifamação, Daniel Sandman, chamou o esforço de Schofield de discriminatório.
"Isto fere e é ofensivo para as pessoas da comunidad que consideram a circuncisão um ritual", disse.
Abby Porth, do Conselho Judaico de Relações Comunitárias, acusou Schofield de desperdiçar os recursos da cidade em uma manobra que dificilmente vai virar lei. Também afirmou que a comunidade judaica formará uma coalizão contra a iniciativa, ao lado de profissionais da saúde e de muçulmanos - que também praticam a circuncisão.
Tanto defensores como detratores da circuncisão alegam argumentos de saúde, mas as pesquisas médicas não apóiam nenhuma postura em particular. A Academia Americana de Pediatria afirma que há benefícios e riscos na circuncisão infantil e recomendam que os pais tomem a decisão.