Agência France-Presse
postado em 05/03/2011 17:51
Cairo - Prédios dos serviços de segurança do Estado foram atacados neste sábado no Egito por manifestantes que buscavam provas de abusos cometidos pelo poderoso aparato, cuja dissolução é exigida pelos militantes pró-democracia, informaram testemunhas.Em Sheij Zayed, nos arredores do Cairo, centenas de manifestantes tentaram penetrar na sede local da segurança do Estado. Os funcionários destes serviços atiraram para o ar antes que o exército interviesse para impedir que o prédio fosse tomado pelos militantes.
[SAIBAMAIS]A dissolução dos serviços de segurança do Estado, acusados pelas organizações de direitos humanos de abusos e torturas, é uma das principais reivindicações dos militantes pró-democracia.
Um dos manifestantes afirmou à AFP que seu objetivo era se apoderar dos dossiês de segurança do Estado "por medo de que as provas das violações sejam destruídas".
"Era possível ver no interior policiais queimando papéis", assegurou uma testemunha.
"As janelas estavam abertas e os papéis voavam pelas janelas", acrescentou outro, em uma conversa por telefone com a AFP.
Em Marsa Matrouh, cidade situada a noroeste do Cairo, na costa Mediterrânea, um grupo de manifestantes conseguiu entrar na sede da segurança e se apoderar de documentos, antes de incendiar o edifício, do qual saía uma espessa coluna de fumaça, informou uma testemunha à AFP.
Os manifestantes se sentaram depois em um café próximo para analisar os documentos, acrescentou.
Na sexta-feira, vários manifestantes foram feridos a tiros durante um protesto que pedia a dissolução da segurança do Estado em Alexandria, a grande cidade do norte do Egito.
O exército, que governa o país desde a renúncia por pressão popular do ex-presidente Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro, precisou intervir para restabelecer a calma.
A ira contra os abusos diários e a tortura por parte da polícia foi um dos elementos que provocou, desde o dia 25 de janeiro, a onda de manifestações sem precedentes que acabou com o regime de Mubarak, após quase 30 anos no poder.