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Bósnios protestam por prisão de ex-general na Áustria

Agência France-Presse
postado em 05/03/2011 21:15
Sarajevo - Cerca de 5.000 pessoas tomaram as ruas de Sarajevo, neste sábado, pedindo à Áustria a libertação de um ex-general do exército da Bósnia preso por acusações feitas pela Sérvia de crimes de guerra.

Os manifestantes se reuniram em frente à embaixada da Áustria antes de marchar para o centro da cidade.

"É terrível. Eles prenderam as pessoas erradas. Eles estão prendendo as vítimas em vez daqueles que cometeram os crimes de guerra", afirmou Rusmir Piknjac, um dos manifestantes, à AFP.

"Ratko Mladic ainda está foragido", acrescentou Piknjac, se referindo ao general sérvio procurado pelo Tribunal Internacional por crimes de guerra.

Mladic é considerado o cérebro por trás do massacre de 1995 de 8.000 muçulmanos em Srebrenica, a pior atrocidade em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial, e do cerco de 44 meses de Sarajevo, que matou 10.000 pessoas.

O foco da marcha deste sábado foi o general do Exército bósnio Jovan Divjak, acusado por um ataque de 1992 contra um comboio das tropas durante o cerco de Sarajevo, que matou entre seis e 42 pessoas, segundo várias estimativas.

Divjak é um sérvio que desertou do exército iugoslavo em 1992 para se juntar ao exército bósnio, essencialmente muçulmano.

Em uma carta lida pelo embaixador da Bósnia na televisão pública FTV, Divjak disse não se sentir culpado por seu suposto crime.

"Eu agi de forma a evitar uma tragédia mais grave. Garanto a vocês que a verdade e a justiça triunfarão neste momento", disse ele.

Um tribunal austríaco ordenou na sexta-feira que ele fosse detido e preso. Espera-se que ele recorra da decisão.

Divjak, de 73 anos, foi preso no aeroporto de Viena na noite quinta-feira enquanto voava da capital bósnia, Sarajevo, para Bolonha, Itália.

Alguns dos manifestantes em Sarajevo carregavam fotos de Divjak de uniforme, com as palavras "justiça, liberdade".

A opinião pública na Bósnia está dividida. Em Sarajevo, associações e partidos políticos denunciaram a detenção de Divjak. Mas ele tem sido aclamado em Banja Luka, o coração da comunidade sérvia no país.

Em 1998, ele renunciou ao cargo de general como protesto após descobrir que membros do exército bósnio tinham cometido atrocidades contra civis não-muçulmanos durante o conflito.

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