Agência France-Presse
postado em 07/03/2011 17:43
TÚNIS - O primero-ministro tunisiano interino, Beji Caid Essebsi, formou nesta segunda-feira um governo de tecnocratas, cuja primeira missão é a segurança e a economia, deixando de fora os últimos ministros herdados do presidente deposto Ben Ali e a oposição, que não conta com nenhum membro no novo gabinete.As novas autoridades deram outro sinal forte ao anunciar a dissolução da temida Direção da Segurança do Território (DST) e da polícia política, que fez o terror reinar durante os 23 anos de poder de Zine El Abidine Ben Alí.
Os 21 ministros, 17 dos quais foram ratificados nos cargos que tinham desde 27 de fevereiro, são tecnocratas.
E o que é muito significativo, este terceiro governo desde a queda, em 14 de janeiro, de Ben Ali, não possui nenhum ministro que tenha trabalhado para ele.
Os dois "sobreviventes" eram Mohammed Nuri Juini (Planejamento e cooperação internacional) e Mohammed Afif Chelbi (Indústria e Tecnologia).
Este gabinete se inscreve "na continuidade", assegurou Essebsi em uma coletiva de imprensa, informando que o restabelecimento da segurança "é a chave para a solução de todos os outros problemas", já que "sem segurança, não há desenvolvimento".
A lembrança dos violentos confrontos no centro da Tunísia nos dias 26 e 27 de fevereiro, com um saldo de seis mortos, ainda estão frescas na memória do povo.
As duas equipes anteriores foram criticadas nas manifestações que conduziram à renúncia do primeiro-ministro Mohammed Ghanichi em 27 de fevereiro, que foi o último chefe de governo de Ben Ali durante 11 anos seguidos.
Durante uma semana, milhares de pessoas acamparam em frente as suas janelas para exigir que todos os líderes do antigo regime saíssem desta primeira equipe.
O segundo grupo tampouco agradou os manifestantes, e finalmente Ghanuchi jogou a toalha.
Nomeado em seu lugar no dia 27 de fevereiro, Essebsi, de 84 anos, teve que reestruturar imediatamente o governo herdado de seu antecessor, após a renúncia de cinco ministros, entre eles os dois representantes da oposição: Ahmed Ibrahim (Educação superior e Pesquisa científica) e Ahmed Nejib Chebbi (Desenvolvimento regional e local).
Frente aos protestos permanentes de um grupo que temia ver "sua" revolução confiscada pelos políticos que voltassem ao poder, o presidente interino Fued Mebazaa anunciou na quinta-feira o adiamento das eleições prometidas para 14 de janeiro e a eleição prévia, no dia 24 de julho, de uma Assembleia Constituinte encarregada de redigir uma nova Constituição.
Essebsi foi claro sobre seu futuro e o de sua equipe: estará no poder apenas por quatro meses e meio. Depois da eleição da "Constituinte, uma assembleia soberana, no dia seguinte, ou três dias depois, vocês não me verão nesta tribuna".
"Sou um homem de confiança, de palavra", acrescentou.
Ele também anunciou a volta do gabinete na terça-feira aos prédios do governo na Kasbah, após ter se refugiado no palácio presidencial de Cartago por razões de segurança.
Ao anunciar a eleição de uma Constituinte, uma das reivindicações da oposição, Mebazaa havia proclamado "a entrada de uma nova era (...) no âmbito de um sistema político novo que rompe definitivamente e de maneira irreversível com o regime derrubado".