Mundo

Irã: ex-presidente Rafsanjani perde posto político crucial

Agência France-Presse
postado em 08/03/2011 13:21
Teerã - O ex-presidente iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani foi obrigado nesta terça-feira a abandonar a presidência da influente Assembleia de Especialistas, posto crucial da estrutura de poder da República Islâmica, devido a uma ampla ofensiva dos conservadores, que reprovam seu apoio à oposição. Rafsanjani entregou o cargo ao aiatolá Mohammad Reza Mahdavi Kani, religioso conservador de 80 anos de idade, que dirigirá a Assembleia de Especialistas Religiosos, cujos 86 membros nomeiam - e eventualmente podem destituir o guia supremo, que atualmente é o aiatolá Ali Khamenei. Mahdavi Kani foi primeiro-ministro depois da revolução islâmica de 1979. Rafsanjani, de 76 anos de idade dirigia a Assembleia de Especialistas há quatro anos. Antes da votação organizada para renovar a direção do órgão, ele anunciou que não se apresentaria para a reeleição caso o aiatolá Kani lançasse sua candidatura. O ex-presidente continua ocupando outro cargo importante do regime, a presidência do Conselho de Discernimento, encarregado de aconselhar o guia supremo e de funcionar como árbitro em caso de litígio entre o Parlamento e o governo. Revolucionário histórico, Rafsanjani era considerado o homem forte do regime iraniano no fim dos anos 80 e início dos 90. No entanto, tem criticado com frequência o presidente Mahmud Ahmadinejad, que o derrotou nas eleições presidenciais de 2005. Rafsanjani foi também presidente do Parlamento nos anos 80 e presidente da república islâmica durante oito anos, de 1989 a 1997. Considerado pragmático e mais moderado, Rafsanjani é alvo há vários meses de uma ofensiva política dos ultraconservadores, que reprovam seu apoio à oposição reformista durante a crise que se seguiu à reeleição de Ahmadinejad, em junho de 2009. Depois de ter levantado publicamente "dúvidas" sobre a regularidade do pleito, Rafsanjani criticou várias vezes a repressão violenta contra os protestos da oposição. Nos últimos meses, Rafsandjani foi se distanciando gradualmente da oposição, condenando várias vezes as manifestações opositoras. Nas últimas semanas, multiplicou suas declarações e apelos para que os manifestantes "deixem de lado seus interesses pessoais" para preservar "os interesses do país e a unidade". Para os conservadores, entretanto, estas declarações não foram suficientes. Outro símbolo da perda de influência de Rafsanjani: um de seus filhos, Mohsen Hashemi, que dirigia o metrô de Teerã há 13 anos, foi demitido no sábado, depois de também ser criticado pelos conservadores.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação