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EUA pressionarão para que mulheres participem na transição árabe

Agência France-Presse
postado em 08/03/2011 16:54
Washington - A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou nesta terça-feira (8/3) que os Estados Unidos farão pressão para que as mulheres sejam incluídas na transição democrática que se anuncia nos países árabes.

"Nos próximos meses e anos, as mulheres do Egito e da Tunísia e outras nações terão os mesmos direitos que os homens para refazer seus governos e transformá-los em sensíveis, responsáveis, transparentes", afirmou Hillary.

A chefe da diplomacia americana, que discursou durante a entrega do Prêmio Internacional Mulher de Coragem do Departamento de Estado, destacou que o governo americano apoiará uma campanha em prol dos direitos das mulheres no Oriente Médio.

"Os Estados Unidos respaldarão firmemente a proposta de que as mulheres devem ser incluídas em qualquer processo que seja iniciado. Nenhum governo pode triunfar se excluir metade de seus cidadãos das decisões importantes", argumentou Hillary.

Além disso, afirmou, as mulheres que participaram das manifestações no centro do Cairo, que culminaram com a renúncia do presidente Hosni Mubarak, "estavam dizendo claramente que esperam ter uma voz e um voto no futuro".

Por fim, a ex-primeira-dama lembrou a observação feita pelas mulheres egípcias, que lamentam que nenhuma especialista mulher tenha sido convidada a participar do comitê encarregado de redigir a nova constituição do país. "Naturalmente estaremos vigiando e o mundo vigiará", acrescentou.

Duas das dez mulheres homenageadas pelo prêmio do Departamento de Estado atuam na América Latina: a blogueira cubana Yoani Sánchez, que desafia a repressão do regime comunista com seus escritos de oposição, e a subprocuradora mexicana Marisela Morales, responsável por um programa de proteção a testemunhas.

Como já aconteceu em outras ocasiões em que foi homenageada em premiações, Yoani Sánchez não pôde viajar a Washington.

A primeira-dama Michelle Obama, que estava presente à cerimônia, descreveu a ativista cubana como "uma jornalista e uma blogueira que conta histórias que ninguém mais escreve".

"Quando foi censurada pelo Estado, ela continuou com o que chama de rede cidadã, uma rede de pessoas que moram fora de Cuba que a ajudam a publicar suas notas. Seus escritos são atualmente traduzidos para 15 idiomas", disse Michelle.

Yoani, que começou a publicar seus textos na internet em 2007 e já foi ameaçada e até espancada pelo regime castrista, "deu voz às preocupações e aspirações de seus compatriotas", elogiou por sua vez Hillary Clinton.

Já Marisela Morales Ibañez, subprocuradora de Investigações Especiais do México, recebeu pessoalmente seu prêmio, concedido por "sua incansável dedicação ao combate ao crime organizado e à corrupção", destacou a secretária de Estado.

A presidente do Quirguistão, Rosa Otunbayeva, e Maria Bashir, procuradora da província afegã de Herat, também foram premiadas.

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