Mundo

Líder da oposição líbia pede ajuda à comunidade internacional

Agência France-Presse
postado em 09/03/2011 18:13

Berlim - O líder da oposição líbia, Mustafá Abdel Jalil, pediu ajuda à comunidade internacional, afirmando que de outra forma o líder Muamar Kadafi "destruirá" seu país.

Abdel Jalil falou sobre o assunto durante uma entrevista com a imprensa alemã que será publicada nesta quinta-feira.

"Se não houver uma intervenção internacional, Kadafi destruirá nosso país. Para ele tanto faz se as pessoas morrerem", afirmou o líder do Conselho Nacional de Transição (CNT), constituído pela oposição líbia, em uma entrevista ao jornal Die Welt, segundo trechos publicados nesta quarta-feira.

Bombardeios

Os bombardeios da aviação líbia sobre a cidade de Ras Lanuf, em poder dos rebeldes a leste de Trípoli, afetaram várias instalações petroleiras, afirmou o porta-voz do Conselho Nacional criado pelos representantes da insurreição.

Bombardeios da aviação líbia sobre a cidade de Ras Lanuf atingiram petroleiras
O porta-voz Abdelhafez Ghoqa declarou também que os rebeldes estavam presentes na localidade de Bin Jawad, a 50 km a oeste, de onde tinham sido expulsos no domingo.

"O regime concentrou seus bombardeios hoje (quarta-feira) sobre as instalações da indústria petroleira em Ras Lanuf. Vários poços petroleiros foram bombardeados, assim como algumas refinarias", indicou Ghoqa.

"O que temíamos desde o início ocorreu hoje: o bombardeio das instalações petroleiras pela artilharia e os aviões do regime (do líder líbio Muamar) Kadafi", afirmou, chamando novamente a criar uma região de exclusão aérea sobre a Líbia.

"Os revolucionários estão há vários dias em Ras Lanuf e entraram hoje em Bin Jawad. Estão sofrendo violentos bombardeios por parte da artilharia e da aviação", completou.

Zona de exclusão

Abdel Jalil, ex-ministro líbio da Justiça, também reafirmou sua esperança de ver instaurada uma zona de exclusão aérea para impedir os bombardeios sobre a população, apesar das reticências da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

"Uma zona de exclusão aérea é tudo o que queremos (...), mas não queremos soldados estrangeiros na Líbia", afirmou Abdel Jalil.

[SAIBAMAIS]Na terça-feira, em um discurso diante de deputados europeus, um dos representantes do CNT, Mahmoud Jebril, pediu aos europeus ajuda militar, econômica, humanitária e médica.

Jebril também disse esperar da União Europeia que reconheça "o quanto antes" a oposição líbia como única autoridade legítima líbia.

Mas Ashton rejeitou nesta quarta-feira em Estrasburgo envolver-se ações que possam impedir que Kadafi massacre a insurreição, o que reflete as divisões entre os países-membros da UE.

A chefe da diplomacia europeia também recusou-se a apoiar a petição do CNT de ser reconhecido como única autoridade legítima na Líbia e se mostrou hesitante em relação à possibilidade de impor uma zona de exclusão aérea.

Em 27 de fevereiro, um porta-voz do CNT anunciou a criação de um "Conselho Nacional" independente de transição, que representa as cidades conquistadas pelos rebeldes.

A Líbia, diferentemente de Tunísia e Egito, não dispõe de instituições bem estabelecidas, partidos políticos nem meios de comunicação independentes. A ausência dessa organização torna mais difícil a identificação de futuros dirigentes para o país.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação