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'Tudo tremeu por mais de cinco minutos', relata brasileira em Tóquio

A brasileira Taís Fernanda Bacetti, 23 anos, residente em Tóquio, estava se preparando para sair de casa com uma amiga, por volta das 14h40 (horário de Tóquio), quando sentiu o forte impacto do terremoto de 8,9 graus na escala Richter que atingiu o nordeste do Japão nesta sexta-feira (11/3).

"De repente, as portas começaram a bater, os vidros chacolharam. Saímos correndo de casa, sem levar nada. Eu estava lavando o rosto e saí com ele ensaboado mesmo", relata.

Ainda assustada, a brasileira, que mora há 10 anos no Japão, conta que está acostumada a sentir pequenos tremores, mas nada comparado à força do que foi registrado hoje. "Tudo tremeu por mais de cinco minutos, eu marquei no relógio. Foi terrível", relembra.

Taís e a amiga polonesa se refugiaram por cerca de cinco horas em um posto policial, onde mais 20 pessoas se abrigaram. " Enquanto corria para o abrigo, vi dois prédios batendo um no outro e despencando. Nas ruas, há postes caídos e o trânsito parou", descreve. Ainda segundo ela, nenhum tremor foi sentido nos últimos dias, assim como não houve alertas sobre possíveis terremotos.

A brasileira só consegiu tranquilizar a família depois de três horas do início do terremoto. Quando retornou para casa, um sobrado de dois andares, Taís encontrou todos os móveis destruídos, mas a estrutura da construção foi preservada. "Até a minha cama estava fora do lugar. Vou ter que comprar tudo novo", lamenta jovem que reside no Japão há 10 anos onde trabalha em uma fábrica do ramo alimentício.


Ouça aúdio do relato da brasileira Taís Fernanda Bacetti


Neste momento, a brasileira relata que pequenos tremores ainda são sentidos em intervalos de cerca de 1h30min. "Aqui já são quase 23h e eu estou com medo de dormir, porque ainda tá tremendo". A recomendação da polícia de Tóquio é que a população permaneça em casa e prepare uma mala com documentos, dinheiro e alimentos, em caso de outro forte tremor.

O local onde Taís mora, em Tiba, a 20 minutos do centro de Tóquio, não foi atingido pelo tsunami que arrasou parte do leste do Pacífico deixando, até agora, centenas de mortos e feridos.

Angústia dos familiares

Maria Júlia Mendonça

O pai de Taís, Roberto Bacetti, que mora no interior de São Paulo relata o que sentiu no momento em que soube do terremoto. ;A gente se sente inútil. Não dá pra fazer nada. Não tem nem como tirar minha filha de lá, porque a cidade está fechada;.

Roberto conta que acordou mais cedo do que o de costume e como que num instinto ligou a televisão. Imediatamente soube da tragédia e aí bateu o desespero. Desse momento até conseguir falar com a filha se passaram três horas. Só então, ao ouvir a voz de Taís e saber que estava tudo bem, é que veio o alívio.

Roberto, que morou doze anos no Japão, conta que tremores são comuns no país, mas enquanto viveu por lá, nunca passou por algo parecido com o desta sexta-feira (11/3). ;No Japão nós somos constantemente lembrados que um terremoto pode acontecer a qualquer momento. O governo faz isso para que nós sempre estejamos preparados para lidar com essa situação;, explica.